O povo da época de Ezequiel, como fazem muitas pessoas hoje, tentava justificar seus erros
pela tática perversa de pôr a culpa em Deus. Questionaram a justiça dele, mas ele defendeu
sua retidão em lidar com o povo de Israel, julgando cada um conforme seus próprios atos
(capítulo 18). Como Deus de compaixão, que não sente prazer na morte do pecador, ele lamenta
o declínio de alguns dos últimos reis de Judá (capítulo 19). E se o povo se sentisse atingido pela
justiça de Deus, precisaria reconhecer a misericórdia não merecida que ele demonstrou em poupar
alguns de uma nação rebelde (capítulo 20). Quando ele resgata a nação de Israel, Deus age por
amor do nome dele, não deixando as nações pagãs profanarem o nome do Senhor.
I. Deus Refuta um Provérbio Falso sobre a Responsabilidade Individual (18:1-32)
A. Este trecho trata de um provérbio que alguns falavam a respeito de Israel: “Os pais
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (18:1-4)
1. Evidentemente alguns acreditavam que os filhos fossem cobrados e responsáveis pelos
pecados dos pais, e usavam este provérbio para comunicar uma noção de pecado
herdado, dizendo que o pecado dos pais passava para os filhos (18:1-2)
2. Deus responde ao provérbio dos homens, mostrando que cada pessoa é responsável,
individualmente, pelos próprios pecados (18:3-4)
B. A culpa pelo pecado não passa de uma geração para outra (18:5-18). Deus ilustra seu
ponto falando de três gerações de uma mesma família:
1. A primeira geração: Se o homem for justo, ele viverá (18:5-9)
a. Ele cita aqui vários exemplos das exigências da Lei do Antigo Testamento para
ilustrar o tema da justiça do homem (18:6-9)
b. O homem que fizesse tudo isso viveria por causa da sua justiça (18:9)
2. A segunda geração: Se o filho for injusto, ele morrerá (18:10-13)
a. Aqui, também, ele usa princípios bem conhecidos da Lei dada no monte Sinai
(18:10-13)
b. Este homem seria morto por causa dos seus próprios pecados: “o seu sangue
será sobre ele” (18:13)
3. A terceira geração: Se o neto for justo, evitando os erros do próprio pai, ele viverá
(18:14-18)
a. Os exemplos da obediência, como nos primeiros dois casos, se baseiam na Lei do
Velho Testamento (18:14-17)
b. No final da apresentação deste caso, Deus deixa bem claro que o filho não morreria
pelos pecados do pai
1) “o tal não morrerá pela iniqüidade de seu pai” (18:17)
2) Este homem justo “certamente, viverá” (18:17)
3) Mas o pai “morrerá por causa da sua iniqüidade” (18:18)
C. O resumo e algumas aplicações deste ensinamento: indivíduos escolhem a vida ou a
morte, e podem mudar de direção para o melhor ou para o pior (18:19-32)
1. Cada um decide como agir diante da palavra de Deus (18:19-20)
a. O filho não responde pelos pecados do pai (18:19)
b. “A alma que pecar, essa morrerá” (18:20)30 Estudo do Livro de Ezequiel
2. Quando o perverso volta a Deus, ele será perdoado e viverá. Deus deseja a vida para
todos (18:21-23; cf. 1 Timóteo 2:4; 2 Pedro 3:9)
3. Quando o justo abandona Deus e pratica a iniqüidade, ele será condenado e morrerá
(18:24)
4. Deus é justo (18:25-29) Deus responde à acusação de não ser justo
a. Ele é justo, e os caminhos dos homens são tortuosos (18:25,29; cf. Romanos 3:3-
4; Isaías 55:6-9)
b. Ele defende a sua justiça com uma série de ilustrações que mostram que:
1) A morte é resultado da iniqüidade do homem (18:26)
2) A vida é a recompensa da justiça do homem (18:27-28)
5. A aplicação prática deste ensinamento sobre o pecado, a culpa e as conseqüências
(18:30-32)
a. Deus julgará conforme os atos de cada um (18:30; cf. João 5:28-29; 2 Coríntios
5:10; Romanos 14:10; 2 Timóteo 4:1; Hebreus 4:13)
b. Deus apela ao povo para que, sabendo do julgamento justo que viria, cada um se
arrependesse dos seus pecados (18:30-31; cf. Atos 17:30-31)
c. Deus não queria que ninguém morresse e, por isso, pediu que se convertessem e
vivessem (18:32)
II. Lamentação pelos Príncipes de Judá (19:1-14)
A. A introdução à mensagem do capítulo 19 (19:1)
1. Deus mandou que Ezequiel transmitisse esta mensagem de lamentação sobre os
príncipes (reis – cf. 12:12) de Judá
2. Ezequiel usa aqui um estilo poético específico de lamentação, um tipo de canto
fúnebre, chamado, às vezes, de endecha. O ritmo no hebraico (que se perde
totalmente na tradução para outros idiomas) deu força para as palavras com seu tom
de tristeza e lamentação
B. A parábola dos leõezinhos (19:2-9)
1. Judá (ou talvez, especificamente, a família real) é comparado a uma leoa que cria seus
filhotes (19:2)
2. Um dos filhotes cresceu e foi apanhado e levado ao Egito (19:3-4). Em 609 a.C.,
depois da morte de Josias, Jeoacaz reinou três meses antes de ser preso e levado ao
Egito (cf. 2 Reis 23:31-34)
3. A leoa, frustrada, fez outro filhote ser leãozinho. Este também começou a ficar forte
mas foi apanhado e levado à Babilônia (19:5-9)
1) Esta linguagem poderia descrever os dois reis depois de Jeoacaz – Jeoaquim e
Joaquim – pois ambos foram depostos por Nabocodonosor e levados à Babilônia
(cf. 2 Crônicas 36:5-10)
2) Dois fatos favorecem a aplicação desta lamentação a Joaquim, e não a Jeoaquim:
a) O contexto de Ezequiel.
i. Ele começou seu trabalho depois da deportação de Joaquim (1:1-2). Se
Deus quisesse falar de todos os reis deportados, poderia ter incluído três
filhotes da leoa na parábola
ii. A próxima parábola já comenta sobre um galho fraco, provavelmente se
referindo a Zedequias, o rei em Judá na época desta profecia
b) Um aviso de Jeremias proibiu lamentação por Jeoaquim: “Portanto, assim
diz o SE N H O R acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não
o lamentarão....” (Jeremias 22:18)
C. A parábola da videira (19:10-14)
1. A mãe (a leoa na parábola anterior) é representada como uma videira plantada juntoO Atalaia de Israel 31
às águas (19:10)
2. Ela tinha galhos fortes (19:11). Os cetros sugerem a autoridade de reis
3. Mas a videira forte foi arrancada e plantada num deserto, falando do cativeiro na
Babilônia (19:12-13)
4. Fogo saiu dos galhos e consumiu o fruto desta videira (19:14). Os galhos representam
os reis (19:11). O fogo saindo dos galhos pode servir para mostrar que os próprios reis
foram responsáveis pelo castigo deles e do povo
5. O resultado: a videira ficou sem galho forte para reinar (19:14). Este versículo sugere
que Zedequias, o homem que reinava em Jerusalém quando Ezequiel recebeu esta
mensagem, também não teria força para resistir os babilônios
III. Deus Fala sobre a Rebeldia, o Castigo e a Restauração de Israel (20:1-44)
A. A data desta profecia (7º ano, 5º mês, 10º dia) a coloca no ano 591 a.C. (20:1)
B. Deus recusou responder ao pedido dos anciãos, que procuravam conselhos do Senhor,
por causa dos pecados do povo (20:2-4)
C. Deus, por meio de Ezequiel, deu um resumo da história das atitudes rebeldes do povo de
Israel (20:5-32)
1. O povo foi desobediente antes de sair da terra do Egito (20:5-9)
a. Deus tinha motivo para castigar os israelitas lá no Egito, devido à rebeldia deles
b. Mas ele poupou o povo por amor do seu próprio nome – esta expressão aparece
cinco vezes no livro de Ezequiel, quatro delas neste capítulo (20:9,14,22,44; cf.
36:22). Mostra que Deus não agiu pelo mérito do povo, mas para manter a
santidade do seu próprio nome
diante dos povos
2. No deserto, aquela geração de
israelitas se rebelou contra o Senhor
e morreu antes de chegar à terra
prometida (20:10-17)
a. Deus fez uma aliança especial
com o povo de Israel no deserto
(20:10-12).
1) Deus usa a expressão “meus
sábados” 15 vezes no
Antigo Testamento, 10 delas
no l ivr o d e Eze quie l
( 20 :1 2 , 1 3 , 1 6 , 2 0 , 2 1 , 2 4;
22:8,26; 23:38; 44:24).
2) Gua rda r o s s á ba d o s
r e p r e s e n t ou a alian ç a
exclusiva que Deus fez com
os israelitas (cf. Êxodo 31:12-
18)
b. A rebelião do povo contra Deus merecia a destruição no deserto, mas Deus não fez
isso por amor do nome dele (20:13-17). Sabemos, porém, que aquela geração não
entrou na terra prometida (cf. Números 14:20-24)
3. Os filhos deles, a geração que entraria na terra prometida, também se rebelou e
participou das abominações idólatras (20:18-26). Em várias ocasiões, a conduta do
povo merecia a destruição. Exemplos:
a. A rebelião de Corá e seus seguidores levou Deus a ameaçar a destruição total do
povo (Números 16:44-45)
O S á b a do é p a ra To do s ? Os a d ve n tis ta s d o
s é timo d ia e a lg u n s o u tro s g ru p o s re lig io s o s
defendem a necessidade de guardar o
s á b a d o n o s d ia s d e h o je . E le s e n fre n ta m
a lg u ma s d ific u ld a d e s q u e p o d e mo s o bs e rva r
no estudo aqui:
ì E n q u a n to te n ta m p ro va r, b a s ea d o e m
Gê n e s is 2 :1 -3 , q u e g u ard a r o s á b a d o s e
to rn o u o b rig a ç ã o d e to d o s o s h ome n s ,
De u s diz o u tra c o is a . E le d es c re ve o
s á b a d o c o mo s in a l e n tre e le e o p ovo d e
Is ra e l (Ê x o d o 3 1:1 6 -1 7 )
í E le d is s e q ue d eu a le i d o s á b a d o a o s
is ra e lita s n o d e s erto (E ze q u ie l 2 0 :1 2 )
î E le c o nd e n o u o s is ra e lita s p or n ã o
g u a rd a r o s á b a d o, ma s n un c a dirig iu a
me s ma c rític a à s n a ç õ e s g e n tia s , q u e
fo ra m c o n de n a d as p o r o u tro s mo tivo s32 Estudo do Livro de Ezequiel
b. A participação dos israelitas na idolatria dos moabitas e midianitas foi motivo para
a morte de 24.000 pessoas, e mais teriam morrido se não fosse pela intervenção
justa de Finéias (Números 25:7-9)
4. Depois de entrar na terra prometida, o povo foi infiel e praticou a idolatria (20:27-29)
5. O povo da época de Ezequiel mostrou a mesma atitude rebelde e, por isso, Deus não
respondeu quando Israel o consultava (20:30-32)
D. Deus derramaria seu furor sobre o povo para purificar a nação e trazê-la ao arrependimento
(20:33-38)
1. Novamente, Ezequiel destaca o benefício do cativeiro – Deus esperava a reconciliação
do povo com seu Senhor
2. Deus promete usar seu braço
estendido para tirar o povo do
cativeiro (20:33-34), uma expressão
da força irresistível do Senhor. A
mesma força divina que levou o
povo ao exílio traria o restante de
volta (cf. Jeremias 21:5)
3. Deus levaria o povo ao deserto para
julgá-lo face-a-face, trazendo Israel
à disciplina e à proteção da vara do
Pastor (20:35-38). A expressão
“passar debaixo do ... cajado”
( 20 :3 7 ) r efere-se à re la çã o
restaurada com o Pastor que conta
e cuida do seu rebanho (cf. Levítico
27:32; Jeremias 33:13)
E. Deus chamou a casa de Israel a
escolher o serviço a ele, deixando para
trás as suas práticas idólatras (20:39-44)
1. A idolatria não podia ser misturada com o serviço ao verdadeiro Deus (20:39)
2. O povo restaurado a Deus no seu santo monte lhe daria honra, serviço e prazer (20:40-
41)
3. A misericórdia de Deus em restaurar o povo à terra prometida seria prova da divindade
dele (20:42-44). Diante desta bondade de Deus, o povo sentiria nojo de si por causa
das abominações que praticara
Conclusão: Deus é justo em julgar cada um conforme a sua conduta, não culpando os filhos
pelos pecados dos pais, nem os pais pelos erros dos seus descendentes. A nação de Israel, em
conseqüência da sua longa história de rebeldia, merecia o castigo de Deus. Mas, repetidas vezes,
ele havia poupado a nação perversa. Por quê? Porque o povo merecia ser salvo? Não! Porque ele
queria manter a santidade absoluta do seu nome. Ele salvou um povo rebelde por amor do nome
dele, não deixando que outros povos o profanassem.
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Deus Abençôe