4/17/2011

Ezequiel 16:1 - 17:24

O
s primeiros capítulos do livro de Ezequiel apresentam os temas principais. Deus estava
preparando um castigo definitivo para o povo de Judá, mas o próprio povo vivia negando
esta realidade. Algumas pessoas ainda seriam resgatadas por Deus, voltando a uma relação
especial de comunhão com o Senhor e até voltando para a terra prometida. Ele continua frisando
os mesmos temas, usando abordagens e ilustrações diferentes. Nos dois capítulos incluídos nesta
lição, ele fala sobre a infidelidade de Judá diante da bondade e proteção de Deus. O capítulo 16
é um dos mais bonitos e um dos mais feios na Bíblia. O capítulo 17 é uma parábola que fala de
plantas e águias para mostrar ao povo a loucura de buscar ajuda nos lugares errados.
I. Jerusalém, como uma Mulher Adúltera, Despreza o Amor de Deus (16:1-63)
A. O propósito desta mensagem: fazer o povo de Jerusalém conhecer as suas abominações
(16:1-2). Jerusalém, como cidade principal de Judá, representa a nação toda
B. Deus encontrou uma criança abandonada e cuidou dela (16:3-7)
1. Desde o princípio, o povo de Israel tinha sido abençoado por Deus, mas não por
mérito próprio (16:3)
a. Veio da terra de Canaã, como filho dos amorreus e dos heteus
b. Ele não se refere aqui literalmente a respeito de linhagem, mas ao fato de Deus ter
separado os descendentes de Abraão dos povos da terra de Canaã
c. Desde a sua origem, Israel foi diferente e privilegiado por causa da graça de Deus
2. A criança recém-nascida (Jerusalém) foi rejeitada e abandonada pelos próprios pais
(16:4-5)
3. Deus (representado aqui como um homem) passou perto desta criança e a pegou. Ele
cuidou da criança, e ela cresceu e se tornou uma moça bonita, embora ainda nua e
descoberta (16:6-7). Comparando esta parte da parábola com a história de Israel,
podemos entendê-lo como uma referência ao período antes da conquista da terra de
Canaã. Israel já era o povo de Deus, mas ainda faltava a proteção especial que ele daria
na terra prometida. Mais importante, ainda não tinha sido totalmente purificado da
imundícia da idolatria e outras abominações praticadas antes (cf. Josué 5:9)
C. Deus casou com a moça e lhe deu sua glória e beleza (16:8-14)
1. Nestes versículos, o papel de Deus muda. Ele passa de pai adotivo para marido
2. Deus viu que a moça havia atingido a maturidade, e ele casou com ela (16:8). É
interessante observar que Deus usa palavras como “juramento” e “aliança” quando ele
se refere ao casamento (cf. Malaquias 2:14). O casamento não é apenas algo que
acontece; envolve um compromisso sério entre as duas partes, um compromisso
descrito nas Escrituras como aliança
3. Agora que Deus casou com ela, ele lavou, vestiu e colocou jóias na sua esposa. Ela foi
sustentada com as melhores coisas, e se tornou uma mulher extremamente bonita e
famosa – a rainha casada com o Rei dos reis (16:9-14). É importantíssimo observar a
ênfase destes versículos na fonte da beleza e glória dela. Não é que Deus achou uma
mulher bonita e gloriosa e casou com ela. Toda a beleza e glória dela vieram do marido
(cf. Efésios 5:25-27). Ela não tinha beleza própria. Não merecia ser rainhaO Atalaia de Israel 25
D. A rainha se entregou ao adultério (16:15-22)
1. Apesar de todas as bênçãos que Deus lhe havia dado, a mulher usou sua beleza e suas
riquezas para praticar o adultério, oferecendo-se abertamente para outros “homens”
(16:15-19)
a. O adultério da mulher simboliza a idolatria do povo de Judá
1) Na figura do casamento, Deus é o marido
2) A idolatria – o envolvimento com outros “deuses” – é uma traição da aliança do
casamento entre a mulher (o povo de Judá) e seu marido (Deus)
3) Muitos dos rituais idólatras envolviam a imoralidade e a prostituição (cf.
Números 25:1-2; Apocalipse 2:14,20)
b. Israel utilizou as coisas que Deus lhe deu – roupas, jóias, perfumes, alimentos –
para servir os falsos deuses
2. A mulher infiel chegou ao extremo de oferecer seus filhos – filhos de Deus – como
sacrifícios aos falsos deuses (16:20-21)
a. A prática de oferecer sacrifícios humanos, especificamente de queimar filhos aos
ídolos, foi condenada e proibida antes dos israelitas tomarem posse da terra
prometida (Deuteronômio 12:29-31)
b. Acaz e Manassés, reis de Judá, desobedeceram esta ordem do Senhor (2 Reis 16:3;
21:6). Os pecados de Manassés são citados como motivo da queda de Judá (2 Reis
24:1-4)
3. Quando ela se entregou ao pecado, esqueceu do seu passado (16:22)
a. Se ela tivesse valorizado o resgate e a bondade de Deus, jamais teria se
comportado como adúltera
b. Nós, também, devemos lembrar da nossa libertação como motivo para a fidelidade
(cf. Tito 2:11-14)
E. A mulher infiel multiplicou os seus erros (16:23-29)
1. Judá participou de todo tipo de idolatria
2. Deus comparou esta infidelidade com uma mulher imoral que se oferece a todos os
homens que passam
3. Ela se prostituiu, fazendo alianças e participando da idolatria das nações ao seu redor
– Egito, Filístia, Assíria, Babilônia, etc,
F. Judá se comportou não apenas como meretriz, mas como mulher adúltera (16:30-34)
1. Por ser casada (com Deus), as relações ilícitas dela constituíam adultério
2. Enquanto as meretrizes recebem pagamento dos outros, Judá pagava seus amantes
para ter relações com ela. Esta descrição destaca a condição patética de uma nação
corrompida pelo pecado e descartada pelos próprios cúmplices no erro. Em geral, o
Diabo e seus aliados tomam o que querem e, depois, descartam as suas vítimas
G. Jerusalém sofreria as conseqüências do seu adultério (16:35-43)
1. Deus deixaria os “amantes” de sua esposa infiel tratá-la como quisessem até que ela
parasse de agir como meretriz (16:35-41). Ela tinha se oferecido aos amantes; agora
seria exposta e envergonhada diante de todos
2. Neste castigo de Jerusalém, a ira de Deus seria satisfeita (16:42-43)
3. A penalidade legal para o adultério, conforme a lei do Antigo Testamento, foi a morte
(cf. Levítico 20:10)
H. O pecado de Jerusalém foi pior do que os erros de Samaria e Sodoma (16:44-59)
1. Jerusalém tinha seguido os pecados dos seus “pais” (a mãe hetéia e o pai amorreu,
16:44-45; cf. 16:3)
2. As irmãs dela foram Samaria e Sodoma (16:46-47)
a. Estes dois povos já haviam sido destruídos por causa das suas abominações
b. Jerusalém não aprendeu do castigo das “irmãs”; ainda fez pior do que aquelas26 Estudo do Livro de Ezequiel
cidades
3. Sodoma era uma cidade próspera mas arrogante, um povo que não ajudou os
necessitados (16:48-50)
4. Jerusalém foi pior do que estas outras cidades, assim “justificando” as irmãs (16:51-
52)
5. Deus traria Jerusalém de volta ao seu primeiro estado quando fizesse a mesma coisa
com Sodoma e Samaria (16:53-59)
a. Embora Deus refira-se aqui sobre restauração, parece que a mensagem destes
versículos é outra
b. Jerusalém já olhava para Samaria e, mais ainda, para Sodoma, como exemplo de
um povo destruído que nunca teria chance de ser restaurado
c. Agora, Deus diz que a possibilidade da restauração de todas estas cidades é a
mesma. Se Jerusalém considerava Sodoma uma causa perdida, agora percebe que
Deus olhava da mesma maneira para a “cidade santa”
I. Depois de falar em termos tão fortes sobre a depravação de Jerusalém, Deus fala de
reconciliação com Jerusalém (16:60-63)
1. A noiva bonita que se corrompeu com seus adultérios e outras abominações chegou
a ser rejeitada pelos próprios amantes. Ela se tornou feia e patética
2. Foi neste estado que Deus a tomou de volta, fazendo novamente sua aliança especial
e eterna com ela
3. Deus usa aqui o mesmo refrão que já usou 17 vezes entre capítulo 6 e 15, e que
aparece, ao todo, mais de 60 vezes no livro de Ezequiel: “Saberás que eu sou o
SENH O R” (16:62). Mas esta é a primeira vez que ele usa uma evidência positiva para
mostrar que ele é o Senhor. Nos casos anteriores, e ainda em várias outras vezes que
a frase aparece posteriormente no livro, ele mostra que é o Senhor pelo justo castigo
dos ímpios (cf. 6:7; 7:27; 12:15; 25:7; etc.). Desta vez, ele mostra a sua posição de
soberania pela bondade de tomar de volta o povo, demonstrando a sua misericórdia.
Depois, ele explicará esta categoria de prova: “Sabereis que eu sou o SENH O R,
quando eu proceder para convosco por amor do meu nome, não segundo os
vossos maus caminhos, nem segundo os vossos feitos corruptos, ó casa de
Israel, diz o SE N H O R Deus” (20:44). Deus é exaltado quando ele humilha os
rebeldes pelo castigo. Mas o nome dele é engrandecido, também, quando o pecador
se humilha e se arrepende, recebendo o perdão do Senhor (16:63)
II. Uma Parábola de Águias e Árvores (17:1-24)
A. No texto do capítulo 17, a parábola é apresentada (17:1-10) e, depois, interpretada (17:11-
21). Neste esboço, a interpretação é intercalada com a própria parábola. É aconselhável
ler o capítulo inteiro antes de ler o resumo e os comentários abaixo
B. A primeira grande águia (a Babilônia) levou a ponta de um cedro (o rei e os príncipes de
Judá). A muda se tornou em videira que crescia e prosperava, mas não ficou alta. Judá
continuou a sua existência, subordinado à Babilônia e à aliança com ela (17:1-6,11-14).
Judá não foi destruído enquanto se submetia à Babilônia
C. A segunda grande águia (o Egito) apareceu, e a videira (Judá) se inclinou para ela e pediu
que ela a cultivasse (17:7-8; 15)
1. Um dos grandes conflitos em Judá do século 8 ao começo do século 6 a.C. foi a
questão de alianças. Alguns queriam confiar na Babilônia (e, antes dela, na Assíria),
enquanto outros queriam fazer alianças com o Egito
2. Em primeiro lugar, eles deveriam ter confiado exclusivamente no Senhor, recusando
qualquer aliança com os povos pagãos (cf. 16:26-29; cf. Isaías 30:1-3; 31:1)
3. Uma vez que Deus anunciou seus planos de usar a Babilônia para humilhar seu povo,O Atalaia de Israel 27
Judá deveria ter se submetido ao jugo deste império, se rendendo ao invasor (Jeremias
6:8; 27:8–13)
D. Deus pergunta: Este povo que se rebelou contra a Babilônia viverá? (17:9-10; 15b)
E. A resposta: O rebelde será facilmente arrancado e morto (17:9-10,16-21)
1. O Egito não ajudaria na defesa, deixando o povo sofrer nas mãos dos babilônios
(17:17-18)
2. O rei e o povo (as pessoas que sobrevivessem a batalha) seriam levados ao cativeiro
na Babilônia (17:19-21)
F. Depois da interpretação da parábola, Deus acrescenta outra parte, dando ao povo a
esperança da restauração (17:22-24)
1. Deus tomaria um ramo tenro da ponta de um cedro, e este seria exaltado, plantado
sobre um monte (17:22)
2. Este ramo cresceria numa grande árvore, dando abrigo para diversos animais e aves
(17:23)
3. Todos saberiam que foi o Senhor que reverteu a situação, humilhando os poderosos
e exaltando os humildes (17:24)
Conclusão: Os capítulos 16 e 17 apresentam duas ilustrações excelentes das atitudes do povo
de Judá e das conseqüências do procedimento deste povo rebelde. O povo que dependia de Deus
por sua própria vida, sua beleza e seu sustento se tornou infiel e agiu como uma mulher adúltera.
Deus, o marido dela, permitiu que ela sofresse as conseqüências dos seus erros por um tempo.
Quando ela chegou ao fundo do poço como uma mulher rejeitada e nojenta até para seus
amantes, Deus ofereceu seu amor não merecido, e tomou de volta sua esposa infiel. Na segunda
ilustração, Deus usa plantas e águias para ilustrar a loucura das escolhas erradas do povo de Judá.
Novamente, ele encerra a história com uma afirmação da sua misericórdia para com a nação
rebelde. Com a mesma força que ele havia demonstrado sua santidade e justiça no castigo dos
ímpios, ele mostra seu caráter divino, também, na sua grande bondade.

2 comentários:

  1. Anônimo7/11/2014

    muito bom! bem explicado abriu a minha mente trazendo visão mais ampla deste capitulo , obrigado.

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  2. Anônimo4/01/2024

    Muito bom a explicação abriu-se meu entendimento sobre esses tema bem amplo e bem explicado

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