9/29/2008

Gálatas 1:1 - 2:10

Não Sigam Outro Evangelho
Não sigam outro evangelho (1:1-9). Paulo começa a sua carta às igrejas da Galácia abordando a questão de autoridade. Sua própria autoridade como apóstolo veio diretamente de Jesus (1:1). A autoridade de Jesus era a autoridade de Deus, que foi pro-vada na ressurreição (1:1; veja Mateus 28:18 e Atos 17:30-31). O evangelho que Paulo pregou falou sobre a graça de Cristo, que se entregou pelos nossos pecados “para nos desarraigar deste mundo perverso” (1:4).
Contudo, alguns perturbavam os gálatas, pregando “outro evangelho” (1:6). De fato, não existe outro evangelho, mas estes estavam pervertendo “o evangelho de Cristo” (1:7). Perverter o evangelho quer dizer acrescentar (ou diminuir) sem a autori-dade de Cristo. Paulo disse que qualquer pessoa que “vos pregue evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” — mesmo se for um apóstolo ou um anjo do céu (1:8-9)! “Anátema” quer dizer “separado para ser destruído”. Qualquer pessoa que não ensina o evangelho que Cristo entregou não tem a autoridade de Cristo e será destruída (veja 2 João 9).
A fonte do evangelho (1:10-24). Paulo afirmou enfaticamente que o evangelho que ele ensinava não veio do homem. Primeiro, se viesse dos homens, seria mais agradável a eles. Mas, Paulo está sendo perseguido por seu evangelho, até pelos próprios gála-tas! (Veja 4:16 e 5:11). Está sendo perse-guido porque ele procura agradar a Cristo, não ao homem (1:10; veja Mateus 6:24).
Quando Paulo recebeu o evangelho de Cristo (1:11-12), ele não foi para Jerusalém para ser instruído pelos outros apóstolos. Antes, ele foi diretamente para Arábia e Damasco, pregando o evangelho que tinha recebido (1:15-17; veja Atos 9:1-22). Três anos passaram antes de Paulo encontrar os apóstolos em Jerusalém (1:18). Os irmãos na Judéia não o conheciam, mas apenas ouviram que ele estava pregando a mesma fé que anteriormente tentava destruir (1:22-23). O ponto dele é este: sem conhecer os outros, como ele poderia ter recebido o evangelho deles?Paulo perante os falsos mestres (2:1-10). Quando Paulo voltou a Jerusalém 14 anos mais tarde, ele comunicou aos líderes da igreja o evangelho que ele havia pregado entre os gentios (2:1-2). Ele viajava com um gentio chamado Tito. Alguns “falsos irmãos” tentaram convencê-lo a ser circuncidado. Mas Paulo não se submeteu a eles por “nem uma hora” quando queriam avançar seu acréscimo (e perversão) do evangelho, “para que a verdade do evangelho permanecesse” (2:3-5).
Quando Tiago, Cefas e João viram que Deus estava trabalhando em Paulo como também trabalhava em Pedro, eles lhe ofereceram “a destra de comunhão”, aceitando-o porque Deus o havia aceitado (2:6-9). Eles reconheceram que a sua glória era de Cristo, e eles não pediram que ele mudasse algum ensinamento. Pediram apenas que ele lembrasse dos pobres, como já o fazia (2:10).

Gálatas 2:11 - 3:5

A Justificação Vem pela Fé
O erro de Pedro (2:11-21). Quando o apóstolo Pedro (Cefas, veja João 1:41-42) visitou Antioquia, Paulo viu que ele não praticava a mesma coisa que pregava (2:11-14). Até o fiel Barnabé (veja Atos 11:22-24) começou a praticar erro devido ao mau exemplo de Pedro (2:13). Se esses homens erraram, pessoas honestas podem errar em questões de fé hoje em dia.
Pedro errou porque temia “os da circuncisão”. O foco dele estava em homens e não em Deus. Deus revelou o evangelho e nos julgará por ele (João 12:47-49). Muitas pessoas praticam erro porque querem agradar seus cônjuges, pais, amigos ou pastores ao invés de focalizar Deus e sua palavra (1:10; veja Mateus 10:28).
Os judeus procuraram ser justificados por Deus devido às suas obras da lei (o Velho Testamento). Mas o evangelho de Cristo revela que homens não são justificados por obras da lei, e sim pela fé em Cristo Jesus (2:16). Enquanto Pedro tinha sido justificado pela fé em Cristo, ele voltou à prática da lei como se a sua justificação pela fé não fosse suficiente. Muitos hoje que alegam ter fé em Cristo caem no mesmo erro de Pedro: guardando o sábado, pagando o dízimo, procurando intercessão de sacerdotes e praticando outras obras baseadas na justiça da lei. Mas voltando à lei nega a graça de Cristo, e invalida a morte dele (2:21).
Obras da lei podem justificar uma pessoa somente se ela guardar perfeitamente toda a lei (veja Tiago 2:10). Cristo morreu porque todos são pecadores —tanto judeus como gentios. Todos têm desobedecido a lei de Deus (2:17; veja Romanos 3:23). Aquele que foi justificado pela fé em Cristo tem morrido para a lei, “a fim de viver para Deus” (2:19). Morrer relativamente à lei não quer dizer viver sem lei (veja 1 Coríntios 9:19-21). Antes, quer dizer fazer as obras de Deus (Efésios 2:10) como pessoa justificada, não como pessoa que procura se justificar pelas suas próprias obras. Viver pela fé exige uma vida de sacrifícios diários, para que possamos nos entregar àquele que nos justificou (2:19-20; veja Romanos 12:1-2).
Obras da lei ou pregação da fé? (3:1-5). Os gálatas haviam sido justificados pela fé em Cristo Jesus sem saber nada sobre a lei de Moisés. Seria tolice para eles voltarem a uma lei que não justifica, uma vez que já foram justificados em Cristo (3:1).
Os gálatas haviam recebido o Espírito Santo como a confirmação do evangelho (3:2; veja Marcos 16:15-20; 2 Coríntios 12:12; Hebreus 2:4). Se Deus lhes tinha confir-mado o evangelho pelo Espírito, como é que eles procuraram o aperfeiçoamento através de leis que pertencem à carne: circuncisão, restrições sobre alimentos, etc. (3:3-5)?
Muitos, hoje em dia, ainda procuram a perfeição por meios carnais, impondo regras baseadas no Velho Testamento. Mas, a justificação vem somente pela fé em Cristo e obediência ao evangelho dele (veja Colossenses 2:20-23; 2 João 9).

Gálatas 3:6-29

Até Que Viesse o Cristo
Recipientes da promessa (3:6-18). No livro de Gênesis, Deus fez várias promessas a Abraão (Gênesis 12:1-3). Quando Deus confirmou essas promessas, Abraão "creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça" (3:6; Gênesis 15:6). Dessa forma percebemos que Abraão não foi justificado por guardar perfeitamente as obras da lei, e sim pela fé nas promessas de Deus (3:10-12). Mas, a promessa de bênção não foi limitada a Abraão: "Em ti, serão abençoados todos os povos" (3:8). Deus fez a aliança para abençoar as nações com Abraão e seu descendente, o Cristo (3:16). Foi confirmada pela promessa, que Abraão aceitou (3:17,6). A lei, que entrou em vigor 430 anos depois, não anulou a promessa já dada gratuitamente a Abraão. Junto com Abraão, todos que vivem pela fé nas promessas de Deus herdam a bênção que foi prometida em Cristo muito tempo antes de existir a lei (3:9,14,18).O propósito da lei (3:19-25). Embora a promessa de bênção já tinha sido dada, a lei foi necessária por dois motivos:"por causa das transgressões" (3:19). A lei foi dada a Israel quando saiu do Egito, para que fosse uma nação santa, diferente das outras ao seu redor (Êxodo 19:1-6). A lei trouxe conhecimento do pecado e castigo pelo pecado para que o pecado pudesse ser evitado (veja Romanos 3:19-20; 5:13; 7:7).
"para nos conduzir a Cristo" (3:24). Uma vez que alguém transgrediu a lei, ele foi condenado porque a lei não trouxe perdão pelo pecado (3:10,21-22). Nos sacrifícios de animais, a lei serviu como sombra do perdão pelo pecado que seria realizado no perfeito sacrifício de Cristo (veja Hebreus 9:1 - 10:18). Assim, a lei foi dada para proteger contra o pecado "até que viesse o descendente a quem se fez a promessa", Cristo (3:16,19-23). A lei foi feita para guiar, não para salvar. Mesmo na época da lei, a salvação foi dada somente através do futuro sacrifício de Cristo (Hebreus 9:15).
A importância desses fatos é isto: se a lei foi dada até a vinda de Cristo, então, uma vez que ele veio, a lei não está mais em vigor (3:24-25).Filhos e herdeiros mediante a fé (3:26-29). Uma vez que a lei não está mais em vigor, nós devemos nos tornar filhos de Deus da mesma maneira que Abraão o fez, pela fé na promessa do Cristo (3:7,26). Os filhos de Deus pela fé são aqueles que se revestiram de Cristo no batismo — uma resposta de fé (veja 1 Pedro 3:21) — e que, por isso, se uniram a ele como "herdeiros segundo a promessa" (3:27-29).

Gálatas 4:1-31

Na Plenitude do Tempo
Continuando a discussão da herança que vem pela fé e não pela lei (veja capítulo 3), Paulo utiliza duas ilustrações para esclarecer seu ponto:1ª Ilustração: Herdeiro X Escravo (4:1-11). O herdeiro, um dia, será senhor da casa. Não obstante, enquanto é menor ele não tem nenhum direito mais do que os escravos (4:1). Até que alcance uma idade determinada pelo pai, ele continua sob a supervisão de tutores e curadores (4:2). Contanto, chegando à maior idade, ele rece-be todos os seus direitos como herdeiro.Em termos espirituais, tanto judeus como gentios eram menores na casa de Deus, sem direitos à herança (4:3). Mas, Deus determinou que o tempo da maior idade para ambos chegaria em Cristo (4:4-5). Em Cristo, os dois se tornam filhos e herdeiros, com todos os devidos benefícios (4:6-7).Como menores sem Cristo, tanto judeus como gentios estavam "sujeitos aos rudi-mentos do mundo" (4:3). Os gentios esta-vam sujeitos aos falsos deuses (4:8). Os judeus estavam sujeitos a uma lei física (4:10). Porém, em Cristo, ambos são "conhecidos por Deus", reconhecidos como os verdadeiros herdeiros. Voltando à idola-tria ou à lei de Moisés seria voltar à escravi-dão e perder a herança (4:9,11)."Inimigo, por vos dizer a verdade?" (4:12-20). Paulo pediu que eles seguissem o seu exemplo (4:12). Ele deixou para trás tudo que ele era como judeu para adquirir as riquezas de Cristo (veja Filipenses 3:2-11). Do mesmo modo, esses judeus e gentios precisam deixar tudo para ganhar a herança em Cristo. Paulo ficou admirado que aqueles que o aceitou quando ele pregou no início (4:13-15) agora o rejeitaram por causa da verdade (4:16). Infelizmente, muitos recebem a palavra de Deus com prontidão até que a verdade pise nas suas tradições. Devemos ser zelosos pelo bem (4:18), custe o que custar, e prontos para aceitar a verdade de Deus, mesmo se ela contradiz tudo que sempre acreditávamos.2ª Ilustração: As duas alianças (4:21-31). Para entender melhor este trecho, veja Gênesis capítulos 16, 20 e 21. A segunda ilustração é uma forte imagem baseada na história de Isaque e Ismael. Ismael foi o filho de Abraão pela serva Agar, "segundo a carne", ou seja, através de meios perfeitamente naturais. Isaque, porém, foi o filho de Abraão e sua esposa, Sara, que já tinha passado a idade para ter filhos. O nascimento de Isaque não foi um acontecimento natural, e sim o cumpri-mento da promessa de Deus (4:21-23).Paulo diz que isso é uma alegoria da nossa situação atual em Cristo. Agar representa todos que são filhos de Abraão segundo a carne —aqueles que nasceram em Israel. Estes são os escravos sob a lei (4:24-25). Mas Sára representa todos que são filhos de Abraão segundo a promessa —segundo a fé em Cristo (veja 3:26-27). Estes são os herdeiros, "filhos da promessa, como Isaque" (4:26-28). A Escritura diz que estes da promessa receberão a herança, e aqueles da carne serão lançados fora (4:30).

Gálatas 5:1-26

Permanecei Firmes em Cristo
Paulo começou defendendo o evangelho e o seu próprio apostolado (capítulos 1 e 2). Então, ele ensinou que a justificação do pecado vem pela fé no evangelho, e não por guardar a lei de Moisés (capítulos 3 e 4). Agora, tendo apresentado o argumento que o cristão nasce à liberdade em Cristo e não à escravidão (4:21-31), ele encerra a carta com aplicações práticas da liberdade cristã (capítulos 5 e 6).
Liberdade em Cristo (5:1-12). Cristo libertou esses discípulos do rigor da lei mosaica, mas ainda corriam risco de voltar à escravidão (5:1). Paulo lhes avisou que, se eles se submetessem à lei (especificamente à circuncisão), não aproveitariam Cristo (5:2). Há dois motivos para isso. Primeiro, a pessoa é justificada pela lei somente se ela guardar “toda a lei” (5:3; veja Tiago 2:10). A circuncisão é o primeiro passo de uma lei que precisaria ser guardada inteiramente. Segundo, procurando a justificação pela lei nega a graça de Deus no sacrifício de Cristo (5:4-5). Cristo derramou seu sangue para a remissão dos pecados (veja Mateus 26:28 e Hebreus 9:11-15). As pessoas que respon-dem a esse sacrifício com fé ativa e amoro-sa são justificadas (5:5-6). Aqueles que procuram remissão dos pecados através de obras da lei decaem da graça (5:4).
Embora esses começaram na liberdade, estavam sendo impedidos de continuarem na verdade (5:7). Paulo os chamou na ver-dade, mas outros mudaram a mensagem (5:8). Mudando o evangelho sempre im-pede, ao invés de ajudar. Doutrinas falsas têm efeitos duradouros, e aqueles que as divulgam receberão punição justa (5:9-10; Tiago 3:1). Aqueles que ensinam que os cristãos precisam guardar alguma parte da lei de Moisés hoje “incitam à rebeldia” contra o evangelho de Deus (5:11-12).
Liberdade exige serviço (5:13-15). Embora há liberdade, em Cristo, da lei de Moisés, essa liberdade não quer dizer que estamos sem lei (veja 1 Coríntios 9:20-21; Tiago 1:22-25). A vida do cristão é uma de serviço ao Senhor e aos outros: a fé “atua pelo amor” (5:6,13). Esses irmãos foram divididos pelo ensinamento falso no meio deles e estavam atacando ao invés de servir um ao outro (5:15). No seu “zelo” pela lei, já estavam negligenciando a lei em que esperavam a salvação (5:14).
Andai no Espírito (5:16-26). O Espírito e a carne são inimigos naturais (5:17). Andando no Espírito excluirá, naturalmente, andando na carne (5:16). No contexto, andar no Espírito é a mesma coisa de ser “guiados pelo Espírito”. Não é alguma experiência mística no Espírito Santo, e sim, o andar claramente delineado em contraste com o andar da carne. Aqueles que continuam nas “obras da carne” (5:19-21) não são guiados pelo Espírito de Deus, e “não herdarão o reino de Deus” (5:21). Por outro lado, aqueles que cultivam “o fruto do Espírito” (5:22-23) não recebem nenhuma condenação pela lei; são justificados (5:23). O cristão cultiva fruto espiritual porque ele se crucifica com Cristo e vive como um ressurreto, no Espírito e não na carne (5:24-25; veja Romanos 6:1-14; Colossenses 2:11-12). Aquele que não crucificou a si mesmo ainda faz as obras da carne, tentando se exaltar por meios carnais (5:26).

Gálatas 6:1-18

Levai as Cargas Uns dos Outros
Ensinamento falso estava causando divisão entre os discípulos na Galácia. Estavam atacando um ao outro (5:15) e invejosamente se exaltando uns sobre os outros (5:26), ao invés de trabalhar juntos para superar batalhas espirituais. Mas, na guerra contra o pecado, precisamos da ajuda um do outro para encorajamento e força. Em Gálatas 6, Paulo continua com as aplicações práticas na vida cristã, exortando os irmãos a ajudarem um ao outro.
Levar as cargas dos irmãos (6:1-10). Se um irmão cair no pecado, outro que "anda no Espírito" (veja 5:16,22-26) tem a responsabilidade de corrigi-lo, evitando que aquele esteja sobrecarregado pelo erro (6:1; veja Tiago 5:19-20; Judas 22-23). Ajudando o outro a superar o pecado mostra o amor que cumpre tanto a lei de Moisés como a de Cristo (6:2; veja 5:14).
A pessoa de mente carnal, porém, não ajuda o irmão caído, pois vê a oportunidade para se julgar superior (6:3; veja Lucas 18:9-14). Paulo avisa que tal auto-julgamento comparativo é vão, porque cada um será julgado individualmente de acordo com seu próprio desempenho nos seus deveres (6:4-5; veja 2 Coríntios 5:10). Ironicamente, aquele que não ajuda o irmão caído a ficar em pé já se julga como irresponsável.
Em termos mais gerais, o cristão tem o dever perante Deus para fazer o bem para seus irmãos. O servo de Deus tem responsabilidade de compartilhar "todas as coisas boas" com aquele que se dedica ao ensinamento da palavra de Deus (6:6).
Com Deus, o que uma pessoa semeia é o que ela ceifará (6:7). A pessoa que desperdiça seus recursos satisfazendo desejos carnais receberá somente a herança da carne: a corrupção. Porém, aquele que usa seus recursos para o crescimento espiritual receberá a recompensa do espírito: a vida eterna (6:8-9).
O cristão tem a responsabilidade de usar todos os seus recursos (espirituais, financeiros e outros) de um modo que agrada a Deus. A responsabilidade individual de fazer "o bem a todos" (6:10) incluirá ajuda ao irmão caído (6:1), apoio a um pregador do evangelho (6:6) ou dar ajuda a qualquer um que precisa.
O Israel de Deus (6:11-18). Aqueles na Galácia que exigiam a circuncisão para a salvação não estavam realmente interes-sados em ajudar as pessoas ensinadas, nem em guardar eles mesmos a lei de Moisés. Eles queriam evitar a perseguição pelos judeus (6:12-13; veja 2:11-14; 5:3,14-15). Eles se gloriaram na carne dos seus "convertidos", e não na cruz de Cristo (6:13-14). Muitos hoje ainda gloriam na carne dos seus convertidos, usando um evangelho carnal para atrair grandes números de pessoas, ao invés de ensinar a verdade de Cristo e sofrer a perseguição da cruz (6:14; 2 Timóteo 3:12-13). A verdadeira conversão vem, não por meios carnais, e sim na circuncisão do coração, para se tornar uma nova criatura (6:15; veja Colossenses 2:11-15). O "Israel de Deus" são aqueles que andam segundo esta nova criação em Cristo. Estes não levam as marcas da circuncisão na sua carne, e sim as marcas de Jesus numa vida transformada (6:16-17; veja 5:22-25; Romanos 2:28-29).

Efésios 1

:1-2
Paulo se descreve como apóstolo (enviado) de Jesus pela vontade de Deus.
**Obs.: Nesta carta, Paulo pretende mostrar como Deus preparou a salvação desde a eternidade. O plano perfeito dele, o mistério revelado, envolve as próprias pessoas divinas e, também, depende dos homens escolhidos para divulgar a mensagem (veja 3:1-7).
Ele descreve os seus destinatários como santos (separados ou santificados) e fiéis (leais ao Senhor).
**Obs.: A palavra "santo" é usada na Bíblia para identificar cristãos vivos. A pessoa se torna "santa" quando é separada do mundo na salvação (1 Coríntios 6:11).
Graça e paz são as saudações costumárias nas cartas de Paulo.
1:3-14
Deus tem nos abençoado em Cristo. Este trecho apresenta diversos fatos importantes sobre o plano eterno de Deus para nossa salvação. Entre eles:
(1) Recebemos bênçãos espirituais (3).
(2) Entramos em regiões celestiais (3). Mesmo enquanto estamos na Terra, Deus habita em nós e nós nele (João 14:17,23; 1 Coríntios 6:19; Gálatas 3:27).
(3) As bênçãos estão em Cristo (3). Não há outro caminho que leve à salvação (Atos 4:12).
(4) O plano para nossa salvação é eterno (4). Ele nos escolheu (4) e nos predestinou segundo o bom propósito de sua vontade (5,11). O texto aqui não sugere nada de predestinação arbitrária segundo o capricho de Deus. A idéia é que tudo que Deus tem feito desde a eternidade tinha o propósito de nos salvar.
(5) Ele quer pessoas santas e irrepreensíveis (4).
(6) Recebemos a adoção de filhos (5). Que privilégio de entrar na família de Deus como filhos dele! Os cristãos são primogênitos de Deus (Hebreus 12:23) e irmãos de Jesus (Hebreus 2:11-13).
(7) Deus nos concedeu sua gloriosa graça no seu amado Filho (6). A história da salvação é uma história de graça e amor.
(8) Temos a redenção/remissão dos pecados pelo sangue de Cristo (7). "...sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hebreus 9:22).
(9) Deus derramou sobre nós abundantemente sua rica graça pela revelação de sua vontade (7-9). Pela revelação do mistério eterno, Deus nos oferece a salvação que ele preparou desde a eternidade.
(10) Todos os aspectos do plano dele se convergiram em Cristo no tempo determinado por Deus (10).
(11) Em Cristo, fomos feitos herança (11). Não somente recebemos a herança como primogênitos, mas também nos tornamos a herança de Deus para a glória dele (12). Ele nos recebe!
(12) A mesma salvação que Deus ofereceu aos judeus foi também concedida aos gentios (13). Eles foram selados com o mesmo Espírito da promessa. Judeus e gentios recebem a salvação da mesma fonte e pertencem ao mesmo Espírito.
(13) O Espírito é o penhor (garantia, sinal, entrada) da nossa herança (14). As afirmações do Espírito sobre a nossa salvação nos consolam enquanto aguardamos a vinda de Cristo e a glória eterna. (Veja 2 Coríntios 1:22; 5:5; Romanos 8:16-17).
1:15-23
Neste parágrafo, Paulo relata o teor das suas orações em favor dos irmãos.
(1) Ele sempre agradecia por eles por causa da fé e amor que demonstravam (15-16).
(2) Ele pedia que eles recebessem sabedoria, conhecimento e iluminação para apreciar a grandeza das bênçãos espirituais concedidas por Deus (17-19).
(3) Ele confiava no poder daquele que ressuscitou e exaltou Jesus Cristo (20-21).
**Obs.: O poder da oração. Muitas pessoas confiam na oração, mas não entendem o poder dela. O poder não está na oração em si, nem na pessoa que a faz. O poder permanece naquele que ouve e responde às orações (Efésios 3:20).
Jesus é o cabeça sobre todas as coisas (22-23). A igreja é o corpo dele, e ele o cabeça dela (veja Colossenses 1:18)
Jesus tem a primazia sobre todos os poderes de todas as épocas (21-22).
Aqui percebemos a perfeição, a plenitude, do plano de Deus. Cristo é o cabeça e a igreja é o corpo, mostrando para o mundo a beleza do plano eterno de Deus para a salvação do homem (23).

Efésios 2

2:1-3
Vos, vós, vossos (1). Paulo já começou a falar sobre os gentios no capítulo 1 ("...em quem também vós..." - 1:13), e agora fala especificamente do pecado e da salvação deles pela graça de Deus.
**Obs.: "Ele vos deu vida" (1, ARA2): estas palavras não se encontram no texto original do versículo 1. São do versículo 5 e foram colocadas aqui pelos tradutores. Paulo não começou o seu argumento com a salvação, e sim com o problema do pecado: "Estando vós mortos...". Precisamos reconhecer o problema do pecado para apreciar a importância e o valor da salvação.
Estávamos mortos no pecado (1). É possível estar fisicamente vivo e espiritualmente morto (o caso do pecador). Também, é possível estar fisicamente morto e espiritualmente vivo (veja Mateus 22:32; Apocalipse 6:9-11).
O mundo jaz no pecado, segundo o espírito da desobediência. Nós cristãos, antes de nos convertermos ao Senhor, andávamos no pecado (2-3).
**Obs.: A vontade da carne e dos pensamentos (3) mostra que os maus desejos dos homens vêm tanto da carne (lascívia, etc. - veja Gálatas 5:19-21) como dos pensamentos (incluindo orgulho, filosofia, etc. - veja 2 Coríntios 10:4-5; Colossenses 2:4,8).
2:4-10
"Mas Deus" (4). A resposta ao problema do pecado é único: Deus! A riqueza da sua misericórdia e do seu amor ultrapassa a pobreza e a podridão do nosso pecado.
Ele nos deu vida (5-6). A salvação não vem de nós, porque estávamos mortos! Não nos ressuscitamos; ele nos ressuscitou!
Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo (6; veja 1:3).
**Obs.: Note o paralelo entre Jesus e nós. Jesus morreu, ressuscitou, e subiu aos lugares celestiais onde permanece com o Pai. Nós morremos, fomos ressuscitados pelo Senhor, e ele nos transportou aos lugares celestiais onde permanecemos com Deus.
A intenção de Deus é mostrar a sua graça às futuras gerações (7).
A salvação é pela graça, não por obras de mérito (8-10). Estes versículos contêm, na minha opinião, o mais completo resumo do plano da salvação encontrado na Bíblia. Devemos entender bem a grande afirmação de Paulo aqui.
(1) A graça inclui tudo que Deus faz para nossa salvação: a vida e a morte de Cristo, a sua ressurreição, a revelação do evangelho, o amor de Deus, o sangue de Jesus, a pregação da palavra, etc. A graça é tudo que Deus tem feito desde a eternidade para efetuar a nossa salvação. Não temos direito de negar nenhuma parte da obra de Deus.
(2) A fé inclui tudo que o homem faz para a salvação: ouvir e aceitar a palavra de Cristo, arrepender-se dos pecados, confessar a fé, ser batizado para remissão dos pecados, perseverar firme no Senhor. Não temos direito de negar nenhuma coisa que Deus nos pede, pois mostramos a fé pela obediência a ele.
(3) Não de obras. Ele exclui aqui qualquer tipo de obra de mérito. Ninguém jamais será capaz de se salvar. Dependemos da graça de Deus.
(4) Criado para obras. Embora não nos salvemos por obras de mérito (9), devemos praticar as boas obras designadas por Deus (10). A fé do discípulo de Cristo é uma fé operante (Tiago 2:14-26).
**Obs.: Andar no que? Este trecho apresenta a opção que cada pessoa encara: andar segundo as inclinações da carne no pecado (1-3) ou andar segundo a vontade de Deus nas boas obras que ele preparou (10).
2:11-22
Este trecho apresenta dois aspectos importantes do ministério da reconciliação de Jesus:
(1) Reconciliação entre judeus e gentios.
(2) Reconciliação entre homens e Deus.
O estado anterior dos gentios (11-12). Os gentios andavam sem Cristo, sem comunhão com o povo de Israel, sem as alianças da promessa, sem esperança e sem Deus.
O estado dos gentios em Jesus (13). Foram aproximados pelo sangue de Cristo.
A reconciliação em Jesus (14-16). Jesus é a nossa paz (o "Príncipe da Paz" - veja Isaías 9:6). Ele derrubou a parede de separação (inimizade) entre judeus e gentios, abolindo a lei que separava os povos. Assim, todos têm acesso ao Pai por meio de Jesus.
**Obs.: A linguagem de Paulo aqui é forte e inegável. Uma vez que Jesus cumpriu a lei (Mateus 5:17-18), ele a aboliu e deu uma nova aliança que inclui judeus e gentios (veja Gálatas 3:14-26; Hebreus 8:7-13; 10:1,9-10; Colossenses 2:13-14; Romanos 7:6).
**Obs. Paulo fez distinção para mostrar que não há distinção! O uso de "nós" e "vós" faz uma distinção entre judeus e gentios. Mas o propósito dele é de mostrar que não há distinção em Cristo. Tanto judeu como gentio recebem a salvação pelo sangue de Jesus.
**Obs.: Na cruz, Jesus destruiu a inimizade. Que ironia que o instrumento de inimizade empregado pelo inimigo fosse usado por Jesus para trazer paz e reconciliação.
2:17-22
A obra de Jesus seria incompleta se a mensagem não fosse divulgada. A mensagem da paz foi comunicada a outros, dando acesso ao Pai no Espírito (17-18).
Os que eram estrangeiros e peregrinos (veja o versículo 12) agora são concidadãos e membros da família de Deus (19).
A família de Deus (a igreja) é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Jesus é a pedra angular (20, veja 1 Pedro 2:4-10).
Cada parte do edifício precisa crescer para glorificar o Senhor, quem habita em nós (21-22).

Efésios 3:1-13

Paulo destaca a sua posição como prisioneiro de Cristo (1). Note:
(1) Ele se considerou prisioneiro de Cristo. Ele entendeu muito bem que o sofrimento de prisão veio por causa do compromisso que ele assumiu com Deus (veja Atos 9:15-16; 21:10-14; 23:11)
(2) Ele se tornou prisioneiro por amor dos gentios. A prisão literal de Paulo teve como motivo a acusação falsa de que ele tivesse levado Trófimo, um efésio, ao templo (Atos 21:28-29). Mas, o maior laço de obrigação na vida de Paulo foi o seu próprio compromisso com Cristo, que incluia a sua missão de levar a palavra aos gentios. Nisso, ele se sentiu devedor, por ter recebido gratuitamente a própria salvação (veja Romanos 1:14-16).
Deus dispensou a graça, confiando em Paulo para levar a mensagem salvadora aos gentios (2).
Paulo compreendeu o mistério do evangelho porque Deus lhe deu discernimento dos fatos anteriormente ocultos dos homens (3-5).
Esta revelação não foi dada exclusivamente a Paulo. O Espírito a revelou aos apóstolos e profetas que, por sua vez, repassaram seu conhecimento aos outros (5-6).
**Obs.: Apóstolos e Profetas. O livro de Efésios esclarece o papel dos apóstolos e profetas no início da era cristã. Os apóstolos foram escolhidos por Cristo, receberam a palavra por meio do Espírito Santo e foram encarregados de levar o evangelho ao mundo. Os profetas foram pessoas que recebiam revelações da palavra pelo Espírito Santo, muitas vezes servindo para edificar irmãos em vários lugares. Eram cargos temporários mas essenciais nos primeiros anos da igreja quando ainda não tinham a palavra completa em forma escrita. Na carta aos efésios, Paulo fala dos apóstolos e profetas três vezes (e usa a palavra apóstolo mais uma vez na saudação - 1:1). Em 2:19-20, ele diz que a família de Deus é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Jesus a pedra angular. Em 3:5-6, ele diz que o mistério do evangelho foi revelado aos apóstolos e profetas para que os gentios pudessem participar da promessa em Jesus. Em 4:11-12, diz que Jesus concedeu apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres à igreja para sua edificação e aperfeiçoamento. Em todos estes casos, podemos ver os mesmos fatos básicos. Jesus passou a sua palavra aos apóstolos e profetas para dar a base necessária para a igreja. Sabemos que os apóstolos (testemunhas oculares de Jesus ressuscitado - Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8) morreram há muito tempo e que o dom de profecia ia desaparecer quando a mensagem completa fosse revelada (1 Coríntios 13:8-13; veja também Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). Mas ainda temos todo o benefício do trabalho deles, a palavra escrita para estabelecer a fé (João 20:30-31) e nos conduzira "à vida e à piedade" (2 Pedro 1:3). A revelação de Cristo "uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3). Ninguém hoje tem direito de revelar outra mensagem (Gálatas 1:8-9), nem de ultrapassar aquela já revelada no primeiro século (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).
Paulo foi feito ministro conforme a graça concedida pelo poder de Deus (7).
**Obs.: Não há nada aqui de glória para Paulo! Ele se descreve como ministro (grego, diakonos - servo). Esta não é palavra de exaltação ou de autoridade, mas de serviço. Ele fala da graça concedida. Já disse que foi-lhe dado o privilégio de servir como prisioneiro. Em outras passagens, Paulo fala de graça concedida em termos de sacrifício, sofrimento e perseguições (veja 2 Coríntios 8:1-7; Filipenses 1:29). Ele participou abundantemente de tal graça!
3:8-13
Paulo se sentiu privilegiado por poder pregar o evangelho aos gentios (8-9).
**Obs.: As insondáveis riquezas de Cristo (8). A palavra grega traduzida "insondáveis" aqui aparece apenas uma outra vez no Novo Testamento. Em Romanos 11:33, Paulo fala sobre os "insondáveis" juízos de Deus. Em Efésios, ele falou sobre "toda sorte de bênção espiritual" em Cristo (1:3) e a "suprema riqueza da sua graça" (2:7; 1:7). Comentou sobre "a riqueza da glória da sua herança nos santos" (1:18). Ainda falará sobre "o amor de Cristo, que excede todo entendimento" (3:19). As riquezas de Cristo realmente ultrapassam a compreensão do homem. Paulo foi abençoado em poder falar dessas riquezas. Nós também!
A sabedoria de Deus se torna evidente pela igreja (10). Note:
(1) Quem conhece a sabedoria de Deus: principados e potestades (seres/autoridades espirituais).
(2) Como é conhecida esta sabedoria: por meio da igreja. Observando como Deus uniu velhos inimigos no mesmo corpo demonstra para todos a sua sabedoria (veja João 17:20-23).
(3) O que é conhecida: a sabedoria de Deus. A igreja do Senhor não mostra a sabedoria humana, e sim a divina.
De novo, Paulo afirma que tudo que Deus tem feito segue um plano eterno realizado em Jesus Cristo (11).
Em Cristo, temos ousadia para aproximar do Pai (12).
**Obs.: Acesso ao Pai. A palavra "acesso" aparece apenas três vezes no Novo Testamento, duas delas em Efésios (2:18 e 3:12) e a outra em Romanos 5:2. Em todos os casos, o acesso é por meio de Jesus Cristo. Ele é o único caminho que nos leva ao Pai e a sua graça.
Com esta confiança em Cristo, Paulo incentivou os efésios a não desistir (13). As tribulações dele poderiam ser motivo de desânimo e falta de coragem. Poderiam ser consumidos pela tristeza em ver o amado apóstolo sofrendo (veja Atos 20:36-38). Poderiam desmaiar com medo de tribulações iguais às dele (Hebreus 10:32-39). Tribulações, porém, não devem ser motivo para abandonar a fé. Ao contrário, devem fortalecer a nossa fé (Tiago 1:2-4).
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Efésios 3:14-21
3:14-19
"Por esta causa" (14): Pensando ainda na sua preocupação com o bem-estar dos efésios (13), Paulo ora ao Pai.
**Obs.: Aqui, Paulo diz que orou ajoelhado. Várias vezes no Novo Testamento, encontramos pessoas orando de joelhos: Jesus (Lucas 22:41); pessoas pedindo curas (Mateus 17:14-15; Marcos 1:40); Estêvão (Atos 7:60); Pedro (Atos 9:40); Paulo e outros irmãos (Atos 20:36; 21:5). Por-se de joelhos sugere a humildade que todos nós devemos mostrar diante do Senhor, ou até a humilhação de estar na presença dele para sermos julgados (Romanos 14:11; Filipenses 2:10). Mas, nem sempre mostra a atitude certa. Em Mateus 27:29 os escarnecedores se ajoelharam diante de Jesus. Embora ninguém tenha motivo para criticar a prática de orar ajoelhados, não devemos fazer regras dizendo que seja a única postura aceitável. É muito comum achar pessoas na Bíblia prostradas com rosto na terra adorando o Senhor. O ponto principal é a atitude do coração, e não apenas a posição do corpo. É interessante observar que, em Lucas 18:9-14, dois homens oraram. Os dois estavam em pé. Deus aceitou uma oração e rejeitou a outra. A diferença? Os corações!
Todos que fazem parte da família espiritual têm o privilégio de tomar o nome do Pai; somos filhos dele (15).
A família de Deus é fortalecida com poder, mediante o Espírito que revelou a palavra que nos traz conhecimento e entendimento (16-18). Note:
(1) O evangelho é o poder de Deus para nos salvar (Romanos 1:16).
(2) O Espírito revelou a palavra por meio dos apóstolos e profetas (3:5).
(3) A palavra precisa ser implantada firmemente no coração (Tiago 1:21).
(4) Quando recebemos e seguimos a palavra por fé, Jesus habita em nós (João 14:23).
(5) Assim somos alicerçados em amor (João 14:15,23).
O amor de Cristo excede todo entendimento (18-19). Normalmente medimos objetos em três dimensões (altura, largura e comprimento). Tudo que existe no universo físico pode ser medido assim. Mas o amor de Cristo é descrito aqui em quatro dimensões (largura, comprimento, altura e profunidade), algo que realmente excede todo entendimento. A plenitude de Deus é incompreensível para a mente humana!
3:20-21
Deus na plenitude de seu amor, excede o nosso entendimento. Não deve nos surpreender que ele
faça obras muito além da nossa imaginação (20).
**Obs.: Ele opera em nós, fazendo infinitamente mais do que pensamos. Quando insistimos em fazer as coisas do nosso próprio jeito, ao invés de confiar na palavra de Deus, acabamos até lutando com Deus e resistindo a sua infinitia sabedoria. Devemos cooperar com ele e deixá-lo completar a boa obra que começou em nós (Filipenses 1:5-6).
Deus merece toda a glória (21):
(1) Na igreja (3:10).
(2) Em Cristo Jesus (João 17:4).
(3) Para sempre!
**Obs.: A glória pertence a Deus, e não aos homens. Salmo 115:1 diz: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade." Existem muitas tendências hoje, até em igrejas, de exaltar homens. Algumas igrejas fazem homenagens aos homens, destacam os feitos de determinadas pessoas, usam títulos de honra para exaltar alguns acima de outros, convidam políticos para receber apoio e honra da igreja, etc. Se toda a glória pertence a Deus, nenhuma sobra para os homens! Devemos servir, jamais procurando reconhecimento e glória entre os homens.

Efésios 4:1-16

Neste parágrafo, Paulo chega a um dos temas principais do livro. A igreja é o corpo de Cristo (1:22-23). Jesus é a paz que venceu a inimizade e a separação (2:14). A sabedoria de Deus é manifesta na igreja (3:10-11). Participamos do amor de Deus (3:17-19). Considerando todos esses fatos, devemos estar unidos.
Devemos andar de modo digno da nossa vocação (1). Fomos chamados para ser santos (1:1). Portanto, devemos nos manter santificados, separados da imundícia do mundo.
**Obs.: Unidos e separados. É importantíssimo observar o equilíbrio no Novo Testamento entre a santidade e a unidade. Grandes textos que falam sobre a unidade dos servos de Deus também destacam a separação do pecado. Um dos exemplos mais nítidos é João 17:14-23. Os discípulos não são do mundo e precisam manter a sua santificação. Mas, por outro lado, Jesus ora ao Pai pela união dos discípulos com Deus e uns com os outros. Qualquer ensinamento sobre a unidade cristã precisa começar com a santificação. Sem a santificação, não podemos ter união com Deus (Hebreus 12:14; 2 Coríntios 6:14 - 7:1), e qualquer comunhão com outros homens se torna vã.
Atitudes essenciais para a unidade entre cristãos (2-3). Considere bem as atitudes e os comportamentos que Paulo pede para ter a unidade:
(1) Toda a humildade: modéstia em pensamento e comportamento. "Toda" nos lembra que esta característica deve governar tudo que fazemos e pensamos.
(2) Mansidão: Bondade e submissão. Esta atitude não disputa com Deus, porque aceita a autoridade dele. Em relação ao homem, é tolerante e pronto para perdoar.
(3) Longanimidade: Paciência, tolerância, perseverança, não facilmente provocado.
(4) Suportando uns aos outros em amor: Amor constante, apesar das falhas dos outros. Procura ajudar ao invés de destruir.
(5) Esforço diligente: Trabalho árduo; dedicação. A unidade não vem por acaso, e não é mantida sem esforço.
A natureza espiritual da unidade (3-6). Jesus é a paz (2:14), e a paz entre seus discípulos é claramente espiritual. Elementos que nos unem:
(1) Unidade do Espírito: O Espírito Santo revelou a mensagem para Paulo e outros, a mesma palavra que eles repassaram para nós (3:2-9). A unidade que Deus quer não é carnal, mas espiritual.
(2) Vínculo da paz: É a paz que liga os seguidores de Jesus.
(3) Um corpo: Jesus é o cabeça da igreja dele (veja Mateus 16:18). Ele não governa as igrejas humanas que desrespeitam a palavra dele.
(4) Um Espírito: O mesmo Espírito é a fonte de tudo que nos une (veja 1 Coríntios 12:13-20).
(5) Uma esperança: A convicção do galardão que vem por meio do evangelho de Cristo (veja Colossenses 1:23,27; 1 Tessalonicenses 1:3).
(6) Um Senhor: Servimos exclusivamente aquele que tem toda autoridade (Mateus 28:18; Atos 2:36). Não podemos servir dois (Mateus 6:24).
(7) Uma fé: Não é minha fé ou sua fé (subjetiva), mas "a fé" (objetiva). A fé não vem de mim; ela foi entregue aos santos (Judas 3). O evangelho é a fé que nos une. Doutrinas, tradições e opiniões de homens são as coisas que nos dividem.
(8) Um batismo: o batismo nas águas para remissão dos pecados nos dá entrada em Cristo (veja 5:26; Gálatas 3:26-27; Atos 2:38; 22:16).
(9) Um Deus e Pai de todos: O monoteísmo é a posição apresentada e defendida nas Escrituras desde a criação. A Bíblia fala sobre Deus usando pronomes plurais (Gênesis 1:26) porque há três pessoas distintas mas perfeitamente unidas (veja Marcos 1:9-11; João 17:21; 2 Coríntios 13:13).
**Obs.: Unidade artificial ou carnal. Em contraste com a unidade do Espírito citado por Paulo, existem muitas maneiras de criar e manter unidade artificial ou carnal entre pessoas. A unidade que Deus quer exige, em primeiro lugar, a comunhão com Deus. Se eu estou em comunhão com ele, e você está em comunhão com ele, nada impede nossa comunhão um com o outro. Esta unidade não é forçada, nem um mero vínculo externo; é unidade do Espírito, baseada na verdade que Deus revelou. Na medida que cada pessoa se submete à vontade de Deus, as mesmas pessoas terão concordância entre si. Infelizmente, muitas pessoas querem unidade sem o esforço diligente que Deus requer. As maneiras mais comuns de criar tal unidade são: (1) Obrigar conformidade por meio de regras, doutrinas oficiais, decretos de líderes, concílios, congressos, ou conferências. Esta abordagem cria unidade superficial dentro de uma seita ou denominação, e pode ajudar em manter uma aparência de comunhão, mas não é a unidade do Espírito. (2) Ignorar diferenças, diminuindo a importância de determinadas doutrinas ou convicções que homens julgam ser de pouca importância. Esta abordagem ecumênica se reflete quando pessoas chamam outros de irmão sem saber nada sobre a vida da pessoa, nem se ela foi realmente convertida a Cristo. (3) Valorizar a unidade acima de tudo. A unidade é importante, e devemos nos esforçar diligentemente para preservá-la. Mas, jamais devemos sacrificar a verdade para manter a unidade. "A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois pacífica..." (Tiago 3:17). Não temos direito de colocar a paz acima da pureza da palavra.
4:7-16
Deus não pede a unidade sem nos oferecer os recursos necessários para tê-la. Este parágrafo mostra como Deus nos equipou para construir e manter uma igreja unida.
Jesus subiu aos céus e concedeu a graça (7-10):
(1) Antes de subir para assumir a sua posição à destra do Pai, Jesus desceu à terra, até as regiões inferiores da terra (veja João 3:13; Filipenses 2:5-8).
(2) Depois de mostrar a sua submissão, cumprindo a missão que o Pai lhe deu, Jesus foi exaltado.
Ele concedeu servos para edificar o corpo de Cristo (11-12):
(1) Apóstolos: enviados ao mundo com o evangelho.
(2) Profetas: pessoas que recebiam e comunicavam a palavra de Deus.
(3) Evangelistas: homens que divulgam as boas novas.
(4) Pastores e mestres: também conhecidos como presbíteros (anciãos) e bispos (veja Atos 20:17,28).
**Obs.: Por que esta ordem? Algumas pessoas procuram usar o versículo 11 para estabelecer uma hierarquia de autoridade, dizendo que evangelistas têm autoridade sobre pastores. Mas, no contexto da mensagem de Efésios podemos perceber outro motivo na seqüência que Paulo usou aqui. Apóstolos começaram a revelação da mensagem e impuseram as mãos e transmitiram o dom de profecia a alguns que continuaram revelando as boas novas. Evangelistas acompanharam os apóstolos ou ficaram em algumas cidades para continuar o trabalho, fortalecendo as igrejas. Algum tempo depois do estabelecimento de novas igrejas, pastores foram escolhidos nas congregações locais (Atos 14:23; Tito 1:5) para guiar a igreja.
Estes dons (pessoas) concedidos por Jesus têm o propósito de:
(1) Aperfeiçoar os santos para o serviço deles (12).
(2) Edificar o corpo de Cristo (12).
(3) Contribuir à unidade de todos (13).
(4) Conduzir outros ao conhecimento de Jesus (13).
(5) Ajudar a igreja a amadurecer-se (13-16). Cristãos fortes não serão levados por falsas doutrinas, nem pela astúcia dos homens.
**Obs.: Evitando a destruição de falsas doutrinas. Devemos nos preocupar com a possibilidade de infiltração de falsas doutrinas na igreja do Senhor. Mas a defesa contra tal ameaça não deve ser por táticas carnais de imposição de regras e doutrinas oficializadas. A nossa única defesa é o ensino da palavra pura (13-14; veja 1 Coríntios 1:10).
**Obs.: Todos os membros contribuem à edificação do corpo (15-16). Cristo é a cabeça. A verdade é o alimento. O amor é o motivo. O crescimento é o resultado.

Efésios 4:17-32

A edificação do corpo de Cristo envolve todos os membros (4:16). Para ter o crescimento desejado, cada pessoa que faz parte do corpo precisa se preocupar com seu próprio progresso espiritual. Neste parágrafo, Paulo fala sobre este crescimento pessoal.
O cristão não deve andar mais na vaidade que domina os pensamentos das pessoas do mundo (17).
**Obs.: Vaidade é algo que não tem valor, que é vazio. Os pensamentos que ocupam a mente carnal não têm valor e não levam para nada.
As pessoas sem Deus vivem na ignorância, fechando os corações às coisas espirituais que vêm do Senhor (18).
Com corações endurecidos, elas se tornam insensíveis e se entregam ao pecado (19).
Paulo deixa bem claro que a vida cristã é outra: "Mas não foi assim que aprendestes a Cristo" (20).
O conhecimento da verdade em Jesus exige uma transformação, deixando o velho homem e se revestindo do novo homem segundo a verdade (21-24).
**Obs.: A fé em Cristo não é mera aceitação intelectual de alguns fatos. Quando compreendemos a mensagem do evangelho, este conhecimento exige mudanças - mudanças radicais - em nossas vidas.
4:25-32
Baseando-se nos princípios já apresentados, Paulo sugere aqui diversas aplicações na prática. O cristão deve:
(1) Deixar a mentira e falar a verdade (25). Não há nada aqui de mentirinha. O servo de Deus segue a verdade e fala a verdade.
**Obs.: A palavra "mentira" aqui vem de uma palavra (pseudos) que quer dizer falsidade. O cristão deve rejeitar todas as formas de falsidade - falsas doutrinas e práticas religiosas, falsidade nos negócios e na vida particular. Deve falar a verdade e cumprir a sua palavra.
(2) Evitar pecados de ira (26-27). A ira descontrolada leva ao pecado. Devemos procurar soluções aos problemas e arrancar a ira pelas raízes no mesmo dia, não deixando brecha para o Diabo.
(3) Ganhar a vida por meios honestos (28). A pessoa que se converte a Cristo tem de abandonar qualquer prática desonesta e trabalhar honestamente. O trabalho não é somente para o sustento próprio, mas também para poder ajudar outras pessoas.
**Obs.: Você reconhece que Deus criou o homem para trabalhar? Antes do pecado, Deus já colocou Adão no jardim "para o cultivar e o guardar" (Gênesis 2:15; 2 Tessalonicenses 3:10-12). Preguiça não faz parte do caráter cristão. Quando trabalhamos e ganhamos, temos a responsabilidade de administrar os nossos recursos. No seu orçamento pessoal ou familiar, você tem costume de separar uma parte para ajudar os necessitados? Deveria!
(4) Controlar a língua, falando palavras boas que edificam (29-30). Uma palavra torpe é comunicação corrupta, não aquela que vem do autor da Vida para nossa edificação. Não devemos usar a língua para entristecer o Espírito Santo.
**Obs.: O Espírito Santo tem sentimentos. Este fato é uma das evidências que ele é uma pessoa, e não meramente uma força ativa como alguns ensinam.
(5) Tirar da vida as obras da carne (31-32). Paulo encerra este trecho com um resumo negativo e um positivo. No sentido negativo, devemos tirar as obras da carne (veja Gálatas 5:19-21). Positivamente, precisamos desenvolver as características boas que aprendemos de Deus (veja Gálatas 5:22-23).
**Obs.: Uns aos outros. Várias vezes nesta carta Paulo fala sobre responsabilidades mútuas entre cristãos (32; 5:21; etc.). Tais responsabilidades vêm da relação que os cristãos têm no corpo de Cristo: "porque somos membros uns dos outros" (25).

Efésios 5:1-21

,O capítulo 5 continua com o mesmo tema da última parte do capítulo 4. Uma vez que entendemos nossa relação com Deus como pessoas santificadas, novos homens, filhos de Deus, faremos tudo para imitar o exemplo do nosso Pai.
5:1-2
Como filhos de Deus, devemos imitá-lo (1). Que desafio! Imitar o Deus santo que nos criou!
Especificamente, devemos imitar o amor de Cristo (2).
**Obs.: O amor resume os mandamentos de Deus (Mateus 22:37-40), mas não temos direito de definir o amor ao nosso agrado. Deus nos ensina como amar (1 João 4:7-12). Em amor, guardamos os mandamentos dele (João 14:15,23). O amor é a mais elevada das qualidades produzidas pelo Espírito na vida do cristão (veja 1 Coríntios 13:4-7,13; Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:5-7).
Andar em amor (2). Andávamos no pecado, fazendo a vontade da carne (2:2-3). Agora andamos em boas obras (2:10). O amor se torna o caminho da vida do discípulo.
5:3-7
Para andar em amor, temos de abandonar as obras da carne, que não mostram amor para com o nosso santo Deus (3-4).
Obs.: "...nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos". No passado, andávamos no pecado praticando coisas inconvenientes que não pertencem a nova vida. Não devemos sentir orgulho, nem achar engraçadas as coisas do passado. Rejeitemos o velho homem por completo.
A boca que usávamos no passado para falar coisas vãs e profanas serve agora para agradecer ao Senhor (4).
Pessoas que continuam praticando as obras da carne não terão herança no reino de Cristo (5-7). Note o significado das palavras usadas aqui:
(1) Incontinente: a palavra grega (pornos) traz o sentido de fornicador ou pessoa imoral.
(2) Impuro: literalmente, uma coisa não lavada ou não purificada. Precisamos ser lavados em o nome de Jesus (1 Coríntios 6:11).
(3) Avarento: aquele que deseja adquirir mais e mais coisas, especialmente desejando as coisas dos outros. Bens materiais se tornam seu ídolo (veja Colossenses 3:5).
Podemos ser lavados de tais pecados (1 Coríntios 6:9-11), mas sem a justificação que vem de Jesus, não teríamos nenhuma esperança no reino do Senhor.
Alguém pode tentar nos enganar, minimizando o significado destes pecados (6). O mundo está cheio de pessoas que sugerem que alguns pecados são comuns, normais, até bons. Deus não considera tais coisas pecadinhos. Trazem a ira dele sobre as pessoas que os cometem.
A única solução ao problema: "Portanto, não sejais participantes com eles" (7). Não podemos fazer acordos com o pecado ou servir Cristo a meio termo. Temos de deixar o pecado e nos dedicar a ele.
5:8-21
Passamos das trevas para a luz. Observe os contrastes apresentados aqui:
Éramos trevas (5:8) X Agora somos luz (5:8)
Andávamos no pecado (2:1-2) X Andamos como filhos da luz (5:9)
Obras infrutíferas (5:11) X Fruto da luz (5:9-10)
Obras ocultas (5:12) X Todas as coisas manifestas (5:13)
Néscios (5:15) X Sábios (5:15)
Insensatez (5:17) X Compreensão da vontade do Senhor (5:17)
Embriagados com vinho (5:19) X Cheios do Espírito (5:17)
**Obs.: Não sejam cúmplices (11). A postura do cristão em relação ao pecado precisa ser bem definida. Não podemos ocultar a nossa fé (Marcos 8:38), nem devemos ser cúmplices nos pecados de outros. Muitas pessoas apóiam os erros de membros da própria família, ou participam de igrejas que ensinam e praticam coisas erradas, e procuram lavar as mãos como Pilatos o fez (Mateus 27:24). Paulo condena a cumplicidade no pecado, dizendo que devemos reprovar as obras das trevas. Amar a Deus exige odiar o pecado!
**Obs.: Como se encher do Espírito? A resposta está aqui! Não é algo que esperamos de fora, mas algo que fazemos, obedecendo a instrução de Paulo (18). Mas como? Ele continua nos versículos seguintes falando de três maneiras de nos encher do Espírito:
(1) Falando, entoando, louvando com salmos, hinos e cânticos espirituais (19).
(2) Dando graças ao Pai em nome de Jesus (20).
(3) Sujeitando-nos uns aos outros no temor de Cristo (21).
Resumindo o ensinamento destes versículos, precisamos ocupar os nossos pensamentos com as palavras de Deus, desenvolver a nossa comunhão com ele, e demonstrar o espírito do Senhor em nosso serviço aos outros. Assim, estaremos nos enchendo do Espírito!
**Obs.: Cantando do coração (19). O louvor em muitas igrejas hoje é um espetáculo que agrada aos ouvintes. É um "louvor" que vem de baterias, guitarras e teclados e que mexe com as emoções das pessoas. É isso que Deus quer? Paulo falou aqui de adoração que vem do coração na forma de falar, entoar e louvar. Para isso, usamos a voz que Deus nos deu e o coração que entregamos a ele. Há uma grande diferença entre o louvor praticado em muitas igrejas modernas e a adoração simples do Novo Testamento. Nenhuma vez no Novo Testamento encontramos os cristãos primitivos usando qualquer tipo de instrumento no louvor. A adoração deles saiu do coração e foi transmitida pela voz, pela qual se instruiram e se aconselharam mutuamente. Assim, agiram em nome do Senhor Jesus e agradaram ao Senhor (Colossenses 3:16-17). Hoje, algumas pessoas achariam muito radical um louvor voltado ao Senhor feito na simplicidade que ele pediu! Tenhamos amor para ele e coragem para agradar a Deus, e não aos homens.
Obs.: "Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (20). Agir em nome do Senhor não quer dizer meramente falar "em nome de Jesus". Temos de agir pela autoridade dele em tudo que fazermos (veja Mateus 7:20-23; Colossenses 3:17). Quem respeita a autoridade de Cristo (Mateus 28:18-20) não ultrapassará a palavra dele (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).

Efésios 5:22 - 6:9

Para entender bem o trecho incluído neste estudo, temos de lembrar do finalzinho do último parágrafo. A terceira coisa que fazemos para nos encher do Espírito é sujeitar-nos "uns aos outros no temor de Cristo" (21). A submissão mútua é a base do ensinamento sobre várias relações humanas que estudaremos agora. Mulheres devem se submeter aos maridos mas, em outro sentido, os maridos devem se submeter às esposas. Filhos devem ser sujeitos aos pais, mas os pais se submetem aos filhos, também. Servos devem obedecer os seus senhores, mas o patrão serve o empregado! Vamos aprender mais!
5:22-33
Marido e mulher. Antes de considerar este texto, devemos observar que o ponto principal de Paulo é sobre a submissão da igreja a Cristo, o perfeito marido. Mas, ele aproveita esta questão para ensinar, também, sobre o casamento. Também, note que ele não fala aqui de obediência condicionada na atitude do outro. A mulher deve ser submissa, independente da atitude do marido. Ele deve amá-la, mesmo se ela não for submissa. Cada um deve cumprir seu papel.
As mulheres devem ser submissas aos maridos (22-24). "Como ao Senhor" (22) mostra que há uma lealdade maior atrás deste mandamento. Quando a mulher olha para o seu marido, deve se imaginar que Jesus esteja atrás dele apoiando as suas palavras. Mas, se o marido pedir algo que claramente contradiz a palavra de Deus, ela deve obedecer Cristo e não o homem (Atos 5:29). Observe bem este ponto. Ela deve obedecer tudo que ele diz que não conflite com a palavra de Deus. Mesmo se ela não goste da decisão dele ou não a ache sábia, ela deve cumprir a palavra do marido. Mas, se ele pedir que ela peque, terá que desobedecê-lo.
Da mesma forma, a igreja deve fazer tudo que Cristo manda, mesmo quando a palavra dele for difícil. Ele é o marido perfeito, e nós não temos direito de recusar nenhuma palavra dele.
Os maridos devem amar as suas esposas (25-30). Se acharmos difícil a submissão que Paulo exige das mulheres, devemos pensar mais sobre o amor que ele requer dos maridos! O homem deve amar a sua esposa como Cristo amou a igreja! O amor aqui é a forma mais elevada de amor sacrificial. Ele procura o bem-estar do amado acima dos seus próprios interesses. Jesus se entregou, sacrificando a própria vida, para salvar a igreja. O marido deve fazer tudo para salvar a sua esposa, até dando a própria vida.
**Obs.: Você daria sua vida por sua mulher? Podemos pensar que mostraríamos grande coragem para proteger as nossas esposas. Se alguém assaltasse a sua esposa, você tomaria uma bala para salvar a vida dela? Mas são poucos os casos onde tal heroísmo seja necessário. O que devemos fazer é reconhecer um compromisso absoluto de dedicar as nossas vidas todos os dias ao bem-estar das nossas esposas. Se daria a vida num ato heróico, deve estar disposto a se gastar servindo a ela no dia-a-dia ao longo dos anos.
Jesus purificou a igreja (26). Alguns fatos importantes aqui: (1) Na aplicação ao casamento, entendemos que o homem deve se dedicar à salvação da sua mulher. O homem que ama a sua mulher jamais tentaria envolvê-la no erro. Sempre procurará ser um bom líder espiritual, conduzindo a sua família no caminho de Cristo. (2) No "casamento" de Cristo com a igreja, aprendemos que Jesus santifica e purifica a igreja "por meio da lavagem de água pela palavra". Para entender esta afirmação, precisamos lembrar que a igreja não é uma instituição; é pessoas chamadas para fora do mundo. Então, ele santifica e purifica pessoas. Como? "Por meio da lavagem de água" claramente se refere ao batismo, pelo qual entramos em Cristo (Mateus 28:18-20; Marcos 16:16; João 3:5; Atos 2:38; 22:16; Romanos 6:3-4; Gálatas 3:26-27; Tito 3:5; 1 Pedro 3:20-21). "Pela palavra" deixa bem claro que aprendemos sobre Cristo e a necessidade do batismo pela pregação do evangelho dele. O batismo citado aqui é de pessoas capazes de ouvir a palavra e tomar as suas próprias decisões.
Ele quer uma igreja pura (27). Da mesma forma que cada pessoa que entra em Cristo é purificada dos seus pecados, deve se manter pura e sem defeito. Se cada pessoa se mantiver santa, a igreja toda será pura e gloriosa.
O marido deve amar a esposa como a si mesmo (28-29). Estes versículos condenam o egoísmo que alguns homens mostram em relação às esposas. Elas devem ser valorizadas e bem cuidadas por maridos carinhosos.
Somos membros do corpo de Cristo (30). Assim, ele cuida de cada um!
Paulo repete o princípio original do casamento (31; veja Gênesis 2:24; Mateus 19:5). O homem deixa os seus pais e se une a sua mulher, os dois se tornando uma só carne. No casamento, a lealdade se transfere dos pais à esposa.
A mensagem de Paulo neste trecho se refere principalmente a Cristo e à igreja, mas tudo que falou sobre o casamento é válido (32-33).
6:1-4
Filhos devem:
(1) Obedecer aos pais (no Senhor, ou seja, enquanto as instruções dos pais não contradizem a vontade de Deus - veja Atos 5:29).
(2) Honrar aos pais.
Pais devem:
(1) Não provocar os filhos à ira.
(2) Criar os filhos na disciplina e na admoestação do Senhor.
6:5-9
Servos devem:
(1) Obedecer os seus senhores.
(2) Não servir para agradar aos homens, e sim ao Senhor.
Senhores devem:
(1) Tratar os servos com respeito.
(2) Evitar ameaças.
(3) Lembrar que todos - os senhores e os servos - são servos do mesmo Pai, e que ele não faz acepção de pessoas.
**Obs.: Embora não estejamos hoje debaixo de um sistema de escravidão, como na época de Paulo, os princípios aqui podem ser bem aplicados na conduta de empregados e patrões. O cristão deve ser o empregado modelo ou o melhor chefe em qualquer ambiente, porque respeitará a vontade de Deus na maneira de tratar outras pessoas.

Efésios 6:10-24

Efésios 6:10-24Este trecho nos traz mais uma exortação de Paulo e o encerramento do livro.
6:10-18
A exortação final de Paulo neste livro se refere à preparação do cristão para enfrentar os desafios no mundo. Devemos ser fortalecidos no Senhor (10).
**Obs.: Mais uma vez, observamos que o poder não vem de nós, mas de Deus. Muitos cristãos se sentem derrotados porque olham constantemente para as coisas erradas. Vêem as tentações e as provações e estas parecem enormes. Olham no espelho e enxergam suas próprias falhas e fraquezas. O problema é o foco. Qualquer homem é pequeno e frágil, mas Deus é muito maior do que nossos desafios. Foi assim que pensou o bom rei Ezequias quando o exército da Assíria ameaçou o seu país: "Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos assusteis por causa do rei da Assíria, nem por causa da multidão que está com ele; porque um há conosco maior do que o que está com ele. Com ele está o braço de carne, mas conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras. O povo cobrou ânimo com as palavras de Ezequias, rei de Judá" (2 Crônicas 32:7-8). Deus é maior do que nossos problemas!
É com a armadura de Deus que podemos enfrentar e vencer o diabo e as outras forças do mal (11-12).
**Obs.: O diabo é um derrotado, um perdedor. Sinceramente fico triste com as igrejas que enfatizam demasiadamente os poderes do diabo e seus servos. Parece que algumas igrejas falam mais sobre as forças do mal do que sobre o Vencedor e Senhor de todos. Preocupam-se com questões de hierarquias de poder no reino das trevas; fazem espetáculos dramáticos de expulsão de demônios; falam detalhadamente sobre características e poderes de Satanás. O Novo Testamento apresenta o diabo como um derrotado contra quem devemos resistir confiantes na vitória (Hebreus 2:14-15; 1 João 3:8; Apocalipse 12). Ele tem poder (veja 1 Pedro 5:8-9), mas o poder dele nem se compara com a força superior do nosso Rei!
Para vencer o Adversário e "permanecer inabaláveis", precisamos vestir a armadura de Deus (13-17; veja 1 Tessalonicenses 5:8):
(1) O cinto da verdade (14). O cinto do soldado foi a peça central de sua armadura, segurando a roupa dele perto do corpo e dando lugar para carregar a sua espada e outras necessidades da batalha. Na vida do discípulo, esta peça central é a verdade, que vem de Deus (João 17:17). Para servir de proteção, a verdade precisa ser conhecida, recebida e aplicada. Isso exige estudo cuidadoso, aceitação de coração bom e sincero, e a coragem de aplicar a palavra em nossas vidas e efetuar as mudanças necessárias.
(2) A couraça da justiça (14). A couraça protege o coração, o peito do soldado. A proteção do servo de Deus não vem por meios carnais. A injustiça de mentiras, engano, etc. não protege ninguém do inimigo real. A justiça, a santidade, a integridade moral são a proteção do servo do Senhor.
(3) Os calçados (sandálias) de preparação do evangelho (15). As sandálias usadas pelos soldados romanos, na época de Paulo, tinham cravos para dar aos soldados uma vantagem contra inimigos despreparados (com sandálias inadequadas ou até descalços). O servo do Senhor tem de estar preparado, com as sandálias já nos pés. Se esperar a invasão do inimigo para se vestir, não conseguirá resistir. A preparação do soldado de Cristo é o evangelho da paz. É interessante que, no meio a tanta linguagem de guerra, Paulo nos lembra que a nossa missão é de reconciliação, como servos do Príncipe da Paz (veja 2:14-18).
(4) O escudo da fé (16). O escudo do soldado romano cobria boa parte do corpo dele, e servia para repelir dardos, flechas, etc. O diabo lança seus dardos inflamados, mas o cristão se defende com o escudo da fé. Quando temos convicções fundadas na palavra de Deus, podemos resistir aos assaltos do Inimigo (Romanos 10:17).
(5) O capacete da salvação (17). O capacete é de extrema importância. A nossa proteção contra golpes mortais é a salvação que Cristo nos trouxe (Atos 4:12).
(6) A espada do Espírito (18). Não devemos entender que a nossa guerra seja apenas defensiva. Entramos na batalha armados para enfrentar e vencer o Inimigo. "Porque, embora, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão" (2 Coríntios 10:3-6). A nossa espada, nossa única arma ofensiva, é a palavra de Deus.
Assim armados e confiando no Senhor, devemos desenvolver o hábito de oração constante (18). Note aqui:
(1) Oração é a comunicação com Deus.
(2) Súplicas são apelos ou petições pedindo ajuda.
(3) Orando "no Espírito" tem duas possíveis interpretações: (a) Orando como aprendemos do Espírito Santo, de acordo com a vontade do Senhor; (b) Orando no espírito (a letra maiúscula não está no original; é questão de interpretação) no sentido de oração sincera do coração.
(4) Vigiando com perseverança sugere uma atitude de dedicação incansável à oração.
(5) Devemos orar pelos santos, fazendo súplicas em favor dos irmãos em Cristo.
**Obs.: A comunicação sempre envolve dois sentidos. Uma pessoa fala e a outra ouve. Depois esta fala e aquela escuta. A comunicação com Deus funciona da mesma maneira. Quando oramos, nós falamos e Deus ouve. Quando lemos e estudamos a palavra, Deus fala e nós escutamos. Este entendimento sugere dois perigos que devemos evitar: (1) Ouvir sem falar. Não é suficiente meramente estudar a Bíblia. Precisamos desenvolver a comunhão com Deus em oração. (2) Falar sem ouvir. Algumas pessoas oram muito, até fazendo súplicas constantemente, mas não dão importância ao estudo da palavra. É importante falar com Deus, mas jamais devemos negligenciar o estudo da palavra dele.
6:19-20
Paulo especificamente pediu orações por ele, para que pudesse ter coragem de falar a palavra de Deus (19).
Embora em cadeias, ele era embaixador de Cristo (20). A prisão de Paulo apresentou várias oportunidades para ele pregar a palavra (Atos 23:11; Filipenses 1:12-18).
6:21-22
Paulo enviou Tíquico para consolar os irmãos com notícias a seu respeito. Paulo descreve Tíquico como o irmão amado (sua relação com Paulo) e fiel ministro do Senhor (sua relação com Jesus). Para maiores informações sobre o trabalho deste servo, veja Atos 20:1-6; 2 Timóteo 4:12; Tito 3:12 e Colossenses 4:7-9.
6:23-24
Paulo encerra a carta desejando paz, amor e graça aos fiéis.

9/25/2008

Colossenses 1:1-12

Colossenses 1:1-12Toda a Sabedoria e Entendimento
É bem provável que Paulo não conheça estes santos pessoalmente (1:4,7-9; 2:1). Escrevendo como apóstolo escolhido por Deus, ele os desafia a ficarem fortes contra falsos ensinamentos (2:1-4,8,16-19, etc.). A carta aos colossenses declara claramente que Cristo é Criador (1:16), Cabeça (1:18; 2:10), e Salvador (1:20-23), e que qualquer outra doutrina não é nada mais do que "filosofia e vãs sutilezas" de homens (2:8).
A esperança pela palavra (1:1-8). Paulo escreve a esses santos intimamente, como a família. Ele é o irmão deles, entregando esta mensagem importante na graça e paz de Deus, o Pai deles (1:1-2).
Paulo e outros irmãos têm orado pelos colossenses desde o momento que ouviram da conversão deles (1:3-4). Paulo disse que a sua fé e amor são "por causa da esperança... preservada nos céus" (1:5). O evangelho ensina sobre a esperança celestial, e a resposta natural é fé e amor (Romanos 10:17; Gálatas 5:6; 1 João 4:9-11).
Quando Epafras ensinou o evangelho em Colossos, esses irmãos ouviram e entenderam a graça de Deus (1:6-8). A graça de Deus não é alguma misteriosa bênção reservada para poucas pessoas escolhidas, mas é revelada no evangelho para todos que ouvem e obedecem (veja Atos 20:32; Romanos 1:16-17; Tito 2:11-14). A graça de Deus já estava produzindo fruto entre os colossenses, bem como vinha fazendo no mundo inteiro (1:6).
Oração pela sabedoria (1:9-12). Embora que esses irmãos estivessem pro-duzindo fruto, Paulo sabia que corriam risco de serem induzidos abandonar a verdade (veja 2:8). Como santos de Deus, esses precisavam não somente receber o evangelho em verdade, mas também devem ficar firmes na verdade de Cristo, não se desviando (veja 2:6-7; Efésios 4:11-16; Gálatas 1:6-9; Judas 3). Paulo respondeu à necessidade deles com oração:
que transbordem de conhecimento da vontade de Deus (1:9). A vontade de Deus foi livremente revelada no evangelho (veja 1 Coríntios 2:6-13; Efésios 3:3-5). É o dever do cristão conhecer e viver de acordo com essa vontade (veja 1 Pedro 3:15). Paulo orou que esses recebessem "pleno conhecimento", edificando sobre o que já foi ensinado "em toda a sabedoria e entendimento espiritual". O evangelho não é uma revelação da sabedoria humana, mas a revelação da mente espiritual de Deus (veja 1 Coríntios 1:18-20; 2:1-13). Portanto, Paulo não ora por seu entendimento intelectual do evangelho, mas por um entendimento espiritual mais profundo.
a fim de viverem de modo digno do Senhor (1:10). Diferente da pessoa que tem apenas um entendimento intelectual do evangelho, aquela que o entende espiritual-mente terá uma vida transformada. Não é aquele que apenas conhece o evangelho, mas a pessoa que o pratica que crescerá em discernimento espiritual para agradar ao Senhor (veja Efésios 5:10,17; Filipenses 1:9-10; Hebreus 5:13-14). O discernimento espiritual produzirá um povo que conhece o Senhor, produz o fruto de boas obras (veja Efésios 2:10), é fortalecido pelo poder dele, e que lhe agradece pela herança celestial.
Perguntas para mais estudo:
Qual foi a base da fé e do amor dos colossenses? (1:1-8)
Como alguém ouve e entende a graça de Deus? (1:5-6)
Qual foi a oração de Paulo pelos colossenses? Ele pediu bênçãos materiais ou espirituais? (1:9-12)
-por Carl Ballard

Colossenses 1:13-29

Colossenses 1:13-29Em Cristo, Toda a Plenitude
Tendo orado que os santos de Colossos crescessem em toda sabedoria e em pleno conhecimento (1:9-12), Paulo cumpre sua parte, os ensinando da plenitude de Cristo.
Plenitude no trabalho (1:13-14). É somente pelo trabalho de Cristo que Deus nos liberta do reino de Satanás. Quem estiver em Cristo já mudou de cidadania e não serve mais "o império das trevas", antes serve no "reino do Filho" (1:13; Efésios 2:19; Filipenses 3:20). Cristo nos faz cidadãos deste reino quando pela obediência dele recebemos a remissão dos pecados (1:14; Atos 2:37-38; Efésios 1:3-7). Portanto, qualquer que recebe remissão dos pecados, já faz parte do reino de Cristo, e não espera um futuro reino milenar.
Plenitude do estado (1:15-23):
Em relação a Deus (1:15): Cristo é "a imagem do Deus invisível". Olhando para Cristo, podemos ver Deus em forma humana (veja João 14:8-9; Filipenses 2:5-8). O escritor de Hebreus descreveu Cristo como "o resplendor da glória e a expressão exata" do ser de Deus (Hebreus 1:3). De Cristo, João contou: "o Verbo era Deus" e "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (João 1:1, 14). E em Cristo "habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9). Cristo é plenamente Divino. Cristo é Deus.
Em relação à criação (1:15-17): Sendo Deus, Cristo é também Criador. Ele não é criatura, mas sempre existia desde o princípio (veja João 1:1). Ele é chamado "primogênito" porque "nele foram criadas todas as coisas" (1:16). O ponto é que Cristo é superior a qualquer criatura, seja homem, animal, ou ser celeste. Cristo é o porque da criação – "Tudo foi feito por meio dele e para ele" (1:16). Sem Cristo, nada poderia subsistir (1:17; Hebreus 1:3).
Em relação à igreja (1:18-23): Na sua morte e ressurreição, Cristo recebeu de Deus Pai toda a autoridade para ser "a cabeça" da igreja (1:18; veja Mateus 28:18; Hebreus 5:7-9). Pelo seu sacrifício, ele trouxe paz e reconcliação para toda a criação (1:19-20). Esta paz e reconciliação estendem para todos que eram inimigos "pelas...obras malignas" mas que agora permanecem na fé do evangelho "que foi pregado a toda criatura debaixo do céu" (1:21-23). Se reconhecermos Cristo como a única cabeça da igreja, deixaremos somente ele nos guiar pela sua palavra, o evangelho. Porém, aqueles que não permanecem no evangelho, não serão achados "santos, inculpáveis e irreprensíveis" (1:22; 2 João 9).
Plenitude na eficácia (1:24-29). A mensagem do evangelho, pela qual Paulo sofria com alegria, era "para dar pleno cumprimento à palavra de Deus" (1:24-25). O evangelho revela a resposta de Deus que foi ainda oculta nas revelações às gerações passadas. Esta resposta é "Cristo em vós, a esperança da glória" (1:26-27). O evangelho de Cristo adverte e ensina todo homem, a fim de apresentar "todo homem perfeito em Cristo" (1:28). Cristo, pelo seu sacrifício e seu evangelho, é o único que tem o poder de glorificar, aperfeiçoar, e salvar todo homem. Devemos a ele nossa lealdade.
Perguntas para mais estudo:Œ A pessoa faz parte do reino de Deus quando? Este reino já existe, ou ainda está porvir? (1:13-14) Paulo descreveu a plenitude de Cristo em quais três áreas? Quantas "cabeças" tem a igreja de Deus? (1:15-23)Ž A igreja é capaz de salvar alguém? Como podemos ser salvos? (1:24-28)- por Carl Ballard

Colossenses 2:1-19

Colossenses 2:1-19Em Cristo, Todos os Tesouros
Tesouros de conhecimento (2:1-7). Paulo falou do seu trabalho como uma “grande luta” (2:1; veja 1:24-29; Efésios 6:10-12; Judas 3) com vários fins:
“para que tenham toda a riqueza” (2:2-3): Paulo lutava para o “conforto” dos irmãos e para seu vínculo “juntamente em amor” (2:2). Muitos pregam que conforto vem pela cura e pelo dinheiro e que a união vem quando esquecemos da doutrina. Porém, o conforto e a união que Paulo pregava vieram pela “riqueza da forte convicção do entendimento”. Devemos ser “ricos” no conhecimento de Cristo, porque somente nele há tesouros verdadeiros (2:3). Pela palavra dele achamos verdadeiro conforto e união (veja João 15:10-11; 17:17-21). Se esquecermos da sua doutrina para ter “união”, teremos apenas união em “obras más” (2 João 8-11).
“para que ninguém vos engane” (2:4-7): Sem a palavra de Cristo, seria fácil ser enganado pelas filosofias e doutrinas de homens (2:4). Paulo ensinou a verdade do evangelho entre os Colossenses, e assim teve certeza da sua “boa ordem” e da sua “firmeza da fé” em Cristo (2:5). Paulo os lembrava da necessidade de continuar andando em Cristo (2:6-7). É Cristo que recebemos ao obedecermos o evangelho. Se somos “radicados e edificados e confirmados” na igreja, no pastor, ou numa doutrina que ensina coisas que Cristo não ensinou, não temos recebido Cristo.
Tesouros de perfeição (2:8-15). Por causa do grande perigo de engano nas coisas pertencentes a Deus, Paulo mostra que há perfeição somente por Cristo (2:8):
Cristo é perfeitamente Deus (2:8-9): Enquanto homens enganam com as “filosofias e vãs sutilezas” das suas tradições, Cristo ensina a verdade de Deus, sendo ele mesmo “toda a plenitude da divindade” (2:9).“nele estais aperfeiçoados” (2:10-15): Deus fez Cristo o cabeça sobre toda autoridade (2:10; veja Mateus 28:18). Qualquer autoridade que um homem pode ter, Cristo tem mais. Por isso, somos aperfeiçoados somente por ele e pela sua palavra (veja Efésios 4:11-15). Para ser aperfeiçoado, é preciso ter a circuncisão espiritual de Cristo, e não aquela feita por mãos humanas (2:11). Isto acontece quando somos “sepultados...no batismo”. Assim Cristo “ressuscita”, “dá vida”, e “perdoa” (2:12-13). Para perdoar, Cristo removeu por completo “o escrito de dívida...encravando-o na cruz” (2:14). Este escrito é uma referência à Lei de Moisés, que condenava pecado mas não oferecia salvação (veja Hebreus 7:11-19). Somente Cristo triunfou na cruz e oferece salvação (2:15; veja Hebreus 5:7-9).
Aplicação (2:16-19). Sendo que a perfeição é só em Cristo, ela não vem pela Lei de Moisés (2:16-17), falsa humildade, adoração de anjos, ou por visões (2:18). De fato, qualquer pessoa que não segue somente o que Cristo ensina nunca terá “o crescimento que procede de Deus” (2:19).
Perguntas para mais estudo:
ŒPaulo queria riqueza para estes irmãos? Era riqueza espiritual ou material?(2:1-3)É possível ser enganado nas coisas de Deus? Como evitamos isto? (2:4-7)Ž Para sermos aperfeiçoados, precisamos de quê? (2:8-19)
-por Carl Ballard

Colossenses 2:20 - 3:11

Colossenses 2:20 - 3:11Buscai as Coisas Lá do Alto
Na luta contra o pecado a perfeição vem somente por Cristo (veja 2:1-19). Muitos, porém, insatisfeitos com a simplicidade disso, criam rígidos regulamentos físicos para "governar os fiéis" e os mantém "longe do pecado". Os fariseus fizeram isto e Jesus os reprovou (veja Mateus 15:1-9). Hoje alguns continuam seguindo suas próprias regras físicas como se fossem um meio de purificar a alma. Mas Paulo mostra aos Colossenses que a purificação só vem quando morremos com Cristo para uma nova vida espiritual.
Morremos com Cristo (2:20-23). No batismo somos "sepultados" com Cristo (veja 2:12; Romanos 6:1-4), morrendo para o pecado e "para os rudimentos do mundo" (2:20). Estes "rudimentos do mundo" incluem: Œ a lei de Moisés, com todas as suas sombras "das coisas que haviam de vir" (veja 2:13-17); as coisas baseadas na "mente carnal", como "culto dos anjos" e "visões", as quais não retêm a autoridade de Cristo (veja 2:18-19); e Ž ordenanças "segundo os preceitos e doutrinas dos homens" (2:20-22).
Deus nos revelou "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" para nos livrar "da corrupção das paixões que há no mundo" (2 Pedro 1:3-4). Qualquer outra coisa – regras humanas sobre alimentos, cortes de cabelo, proibições contra TV, etc. – podem ter "aparência de sabedoria", mas "não têm valor algum contra a sensualidade" (2:23). Afinal, se um homem não morre com Cristo, ele não vai deixar de pecar nas coisas sensuais só porque não assiste a televisão.
Ressuscitamos com Cristo (3:1-4). No batismo, somos "ressuscitados" com Cristo "mediante a fé no poder de Deus" e recebemos "novidade de vida" (veja 2:12; Romanos 6:1-5). Sendo que Cristo vive "assentado à direita de Deus", nós devemos buscar "as coisas lá do alto" e pensar "nas coisas lá do alto" (3:1-2). Devemos fazer nossas vidas em Cristo, não em ordenanças (3:3-4). Quando aprendemos a amar Cristo e viver para ele, então guardaremos os mandamentos dele sem regras de homens para nos "manter fiel" (veja João 14:15, 21). Quando somos fiéis a Cristo e não a regras, seremos "manifestados com ele, em glória" (3:4).
A nova vida (3:5-11). A nova vida vem pela mudança de natureza e não pela mudança de algumas regras externas. "A natureza terrena" com todas as coisas pertencentes a ela tem que morrer (3:5). Isto acontece quando obedecemos a Cristo em amor, sabendo que "a ira de Deus [vem] sobre os filhos da desobediência" (3:6). Quando amamos a Deus, não queremos decepcioná-lo. Assim, deixamos de fazer as coisas erradas que fazíamos antes na velha vida de pecado (3:5-9), e aprendemos a nos revestir "do novo homem" (3:9-10). A vida deste novo homem é uma vida espiritual, refletindo o amor e a santidade do seu Criador (3:10; veja 1:16).
Perguntas para mais estudo:ŒQual o problema de regras que não vêm de Deus? Trazem liberdade? (2:20-23) A mente do cristão deve ser voltada para quais coisas? Por quê? (3:1-4)Ž Devemos obedecer "regras", ou Deus? (3:5-11) -por Carl Ballard

Colossenses 3:12 - 4:1

Colossenses 3:12 - 4:1Fazei-o em Nome do Senhor Jesus
A nova vida em Cristo não é feita somente pelo despojo de algumas coisas erradas. Muitas pessoas até poderiam parar de beber, fumar, roubar, adulterar ou cometer outros pecados, mas isto, em si, não as tornaria cristãs. Mesmo se deixassem de fazer qualquer pecado desde agora até as suas mortes, mas não se revestissem "do novo homem" segundo a imagem de Cristo (veja Colossenses 3:10), elas não alcançariam a salvação! O que importa não é a quantidade de coisas erradas deixadas para trás, e sim a obediência ao Senhor.
"Revesti-vos...como eleitos de Deus" (3:12-17). Paulo fala da nova vida em Cristo como um "revestimento". Assim como uma mudança de roupa seria óbvia no corpo, a vida cristã deve se tornar aparente no comportamento. Diferente de roupa, que só cobre o corpo por fora, o revestimento em Cristo é feito de ações (veja Apocalipse 19:7-8) que são o resultado de mudanças internas.
A natureza do cristão imita a natureza de Cristo (3:12-14; veja Romanos 8:29; 2 Pedro 1:3-4). O cristão não aproveita ou usurpa outros, mas age de acordo com "a paz de Cristo" (3:15; veja 1 Coríntios 6:1-11). "A paz de Cristo" é o que nos dá acesso ao Pai juntos num só corpo (veja Efésios 2:13-18). Quem age de acordo com esta paz ensina a verdade de Deus, a qual promove união verdadeira (veja João 17:17-21).
"A palavra de Cristo" habita "ricamente" no cristão (3:16). A reação natural desta convivência é que o cristão "instrui" e "aconselha" de acordo com a sabedoria verdadeira (veja Tiago 3:17), e que ele louva a Deus, dando ações de graças.
O cristão faz tudo "em nome do Senhor Jesus" (3:17). Isto não quer dizer que ele fala sempre "em nome de Jesus" antes de fazer algo, mas que ele tem a cautela de viver sempre de acordo com a vontade do Senhor. Devemos pensar muito bem antes de fazer qualquer coisa que não podemos afirmar ser a vontade de Cristo. Isto se aplica na adoração ou em qualquer outro aspecto da vida. O cristão se reveste da vontade de Cristo, e não da sua própria vontade ou da dos homens!
Aplicações individuais (3:18 - 4:1). A vida cristã também imita o serviço do nosso Senhor, que procurou servir ao invés de ser servido (veja Mateus 20:26-28). Paulo destaca este serviço nos vários papéis da vida. No lar, a mulher cristã serve ao marido pela submissão, e o marido cristão serve a mulher com amor (3:18-19; veja Efésios 5:22-31). Os filhos servem aos pais pela obediência, e os pais servem aos filhos pela maneira de criá-los (3:20-21; veja Efésios 1-4). No emprego, o trabalhador cristão serve ao chefe com trabalho honesto e bem feito, mesmo quando o chefe não está olhando (3:22-25). O chefe cristão também serve ao trabalhador, pagando um sálario justo e exigindo alvos atingíveis (4:1).
Perguntas para mais estudo:Œ É mais importante falar dos pecados que deixamos ou mostrar uma nova vida? Como a nova vida é um "revestimento"? Cite alguns exemplos disto. (3:12-17)Ž O padrão do serviço cristão está baseado em quê? (3:18 - 4:1)- por Carl Ballard

Colossenses 4:2-18

Colossenses 4:2-18"A Graça Seja Convosco"
Exortação à oração (4:2-6). Paulo começou a carta falando das suas orações constantes pelos irmãos de Colossos (veja Colossenses 1:3, 9), e a terminou exortando a eles que continuassem também em oração, "vigiando com ações de graças" (4:2).
Paulo mesmo precisava das orações dos irmãos Colossenses: ele estava na prisão por causa da pregação de Jesus (4:3). Porém, ao invés de pedir orações a favor das suas algemas, Paulo pensava numa coisa mais urgente – a pregação da palavra de Cristo (4:3-4)! Paulo se preocupava com a vontade de Deus antes de sua própria vontade. Como Paulo, devemos orar que Deus nos dê oportunidade e coragem para cumprirmos a vontade dele!
Enquanto os Colossenses oravam pelo sucesso de Paulo no evangelho, estes também precisavam "pregar" pelo seu comportamento e por suas palavras, aproveitando oportunidades de "responder a cada um" (4:5-6; veja 1 Pedro 3:15). É necessário que a vida do cristão e as palavras dele sejam de acordo com a verdade. Isto exige dele muita oração e estudo cuidadoso da palavra de Deus.
Notícias de Paulo (4:7-9). Desejando aliviar os corações preocupados dos Colossenses, Paulo enviou Tíquico e Onésimo com "o expresso propósito" de falar da situação dele e dos outros presos conhecidos por eles. Paulo podia ter segurado estes dois "irmãos amados" para servirem a ele mesmo na prisão (veja Filemom 13). Porém, ele se preocupou mais com os Colossenses do que consigo mesmo, e assim enviou os dois para servirem a eles.
Saudações pessoais (4:10-18): A família de Deus é caracterizada por seu amor (veja João 13:35), e todos os irmãos que estavam com Paulo enviaram seu amor na forma de saudações individuais (4:10-14). A saudação de Epafras devia ter sido particularmente tenra para eles ouvirem, sendo que ele era mesmo um membro da igreja em Colossos, e que ele tinha ensinado a eles muito no evangelho (veja 1:7). Paulo relatou o cuidado especial que Epafras teve para com os irmãos, e como ele se esforçou sempre em oração por eles e por outros (4:12-13). Sem dúvida, Paulo conheceu e amou os irmãos Colossenses através do que ele ouviu deles pela boca de Epafras.
Por fim, Paulo enviou suas próprias saudações escritas em amor por sua própria mão, desejando a eles a graça de Deus, e lembrando dos irmãos em outros lugares que iriam ler esta carta também (4:15-18). Mesmo que as cartas contenham informação pessoal para as pessoas imediatas, elas foram escritas sob a inspiração do Espírito Santo, e assim precisam ser lidas pelas igrejas como autoridade de Deus (4:16; veja 2 Pedro 1:19-21; 3:14-16; 1 Coríntios 7:17; 14:33, 37).

9/20/2008

1 Tessalonicenses 1:1-10

1 Tessalonicenses 1:1-10Cristãos Exemplares
Quando Paulo chegou em Tessalônica durante sua segunda viagem missionária, alguns foram convertidos pela pregação do evangelho. Outros, principalmente judeus invejosos, rebelaram-se violentamente contra Paulo e os outros pregadores, querendo levá-los à força para o meio do povo para serem julgados como criminosos (veja Atos 17:1-5). Como não podiam achá-los, "arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades", acusando-os de hospedar homens que "procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei" (veja Atos 17:6-7). Mesmo com esta tribulação a igreja floresceu. Alguns meses depois de sua saída de lá, Paulo escreveu para encorajá-los a continuarem firmes no Senhor com a mesma convicção do início.
Ações de graças (1:1-5). Ao lembrar desta igreja, Paulo dava sempre graças a Deus pela fé ativa, amor sacrificial, e esperança firme dela (1:1-3). Paulo e os outros davam graças a Deus porque os que haviam se convertido se tornaram irmãos verdadeiros, na mesma família amada de Deus, e eleitos juntos porquanto obedeceram ao mesmo evangelho (1:4-5).
Modelo para os crentes (1:6-10). Os irmãos tessalonicenses seguiram o exemplo dos evangelistas e do próprio Cristo, obedecendo a palavra e aprendendo o viver do servo de Deus (veja Mateus 28:18-20). Assim, eles mesmos se tornaram exemplos para outros ao redor (1:6-7). Observemos o exemplo perfeito destes irmãos:
"A operosidade da [sua] fé" (1:3, 8): a fé deles era ativa - se dedicavam em divulgar a palavra do Senhor. Fé verdadeira levará o servo de Deus a ensinar o evangelho por palavra e por exemplo (veja Colossenses 3:16-17; Atos 4:12-20; 1 Pedro 4:11).
"A abnegação do [seu] amor" (1:3, 9): o amor deles para com Deus se manifestou visivelmente em suas vidas. Eles deixaram de servir ídolos, se converteram a Deus e serviram a Deus. O amor de Deus exige que deixemos a velha vida e mudemos para servir a ele de acordo com a sua vontade e não a nossa (veja Marcos 8:34).
"A firmeza da [sua] esperança" (1:3, 10): os tessalonicenses ficaram firmes mesmo no meio de tribulações porque sua esperança estava em Cristo, no céu, e não aqui na terra. Muitos perdem a esperança em tribulação porque esperam por dinheiro ou saúde ou coisas desta vida. Mas estes esperavam o galardão verdadeiro do céu - a salvação.
Perguntas para mais estudo:
Œ Como foram os irmãos "eleitos"? (1:1-5) Como era ativa a fé dos irmãos? (1:6-8)Ž Os irmãos esperavam o quê? (1:10)

1 Tessalonicenses 2:1-16

1 Tessalonicenses 2:1-16Evangelistas Exemplares
A pregação do puro evangelho do Senhor quase sempre encontra resistência, pois homens preferem fazer o que lhes agrada do que mudar e fazer a vontade de Deus (veja João 3:19-20; 2 Timóteo 4:1-4). Quando Paulo e Silas chegaram a Tessalônica, eles carregavam marcas desta resistência em seus próprios corpos, pois ainda estavam se recuperando dos açoites que receberam em Filipos por pregar o evangelho (2:1-2; veja Atos 16:19-23). Mesmo assim, eles e seus companheiros se empenhavam em pregar sem medo toda a verdade de Deus aos tessalonicenses.
Firmes em tribulação (2:1-6). É fácil imaginar que Paulo mudaria sua pregação para não sofrer mais. Porém, confiando no Senhor, Paulo e os outros pregaram firmemente o evangelho na sua integridade, a fim de produzirem fruto para Deus (2:1-2). Eles não estavam preocupados em fazer amigos, ganhar dinheiro, ou ter reconhecimento dos homens. Deus havia confiado a eles a palavra da salvação, e por isso podiam pregar somente aquilo que o agradasse e o glorificasse (2:3-6; veja 1 Pedro 4:11; 2 João 9).
Carinhosos com os irmaõs (2:7-12). Como prova do seu amor e seus motivos puros para com os tessalonicenses, Paulo e os outros deixaram de receber deles qualquer sustento pelo seu trabalho, mesmo que este trabalho era penoso, e mesmo que eram os escolhidos do Senhor (2:7-9). Em vez disso, olharam para os irmãos tessalonicenses como seus próprios filhos, com muito amor e carinho. Qual mãe pede um salário pelo trabalho de cuidar da sua família? O pai trabalha muito mais na disciplina da sua família do que para seu chefe, e nunca pensa em receber sustento por isso (2:10-12; veja Hebreus 12:5-11; 1 Timóteo 4:11-16; 2 Timóteo 4:1-5; Tito 2:15).
O resultado (2:13-16). Vendo que Paulo e os outros não mudaram a pregação para ela ser "conveniente", mesmo quando isto trouxe perseguição, os tessalonicenses entenderam que ela era verdadeiramente a palavra de Deus (2:13). Com a convicção de que estavam servindo a Deus de acordo com a verdade, os tessalonicenses ficaram firmes em tribulação, assim como fizeram as outras igrejas, os apóstolos, e o próprio Senhor Jesus (2:14-16).
Perguntas para mais estudo:
Se a maioria não recebe bem o evangelho, devemos mudá-lo? (2:1-6)
É lícito pagar um pregador? (2:7-9) Isto deve ser motivo de pregar? Como o pregador é como "mãe" e "pai" dos instruídos? (2:7-12)
O que convenceu os tessalonicenses e os capacitou a continuar servindo a Deus mesmo em meio a dificuldades? (2:13-16)

1 Tessalonicenses 2:17 - 3:13

1 Tessalonicenses 2:17 - 3:13Preocupação com os Irmãos
Saudades deles (2:17-20). Paulo e os que estavam com ele não foram embora de Tessalônica porque queriam. Antes, por causa da tribulação dos judeus invejosos, os irmãos os impeliram a saír de noite às pressas (Atos 17:5-10). Estando longe dos irmãos pelas circunstâncias, com grande amor Paulo e os outros faziam de tudo para poder estar com eles novamente, onde teriam motivo de alegria e glória perante Deus (2:17,19-20). Porém, Satanás os impediu, fazendo com que fosse necessário que pregassem o evangelho também para pessoas perdidas em outros lugares (2:18; veja 2 Timóteo 2:24-26; Atos 17:16; etc.).
Paulo envia Timóteo (3:1-5). Enquanto estavam separados, Paulo ficou preocupado com a saúde espiritual deles, posto que continuavam sendo perseguidos. Por isso, ele mandou Timóteo para servi-los "em benifício da [sua] fé". Como ministro do evangelho, o trabalho dele era de fortalecer os irmãos e encorajá-los a não se deixarem abalar por causa do sofrimento (3:1-3). A tribulação faz parte da vida cristã, e Timóteo precisava lembrá-los disso para que não desistissem na luta contra "o Tentador" (3:3-5; veja Filipenses 1:29-30; 2 Timóteo 3:12). Paulo lhes mandou Timóteo porque sabia que a pregação do evangelho é a única coisa capaz de dar ao homem o que é preciso para resistir a todos os ataques do diabo (veja João 8:31-36; Efésios 6:10-18).
Consolados pelas boas notícias (3:6-13). Quando ele voltou da Tessalônica, Timóteo trouxe melhores notícias do que haviam esperado. Visto que os irmãos continuavam firmes em Cristo, Paulo podia sentir alívio mesmo no meio de sua própria tribulação (3:6-8). Notemos que consolação e paz em Cristo não são o resultado de uma vida sem persegui-ções, e sim de uma vida cujo foco é o Senhor e o bem-estar dos servos dele (veja Filipenses 4:4-9; 1 Timóteo 2:1-4).
Sobremaneira alegres com estas notícias, Paulo e os outros reagiram com constantes ações de graças a Deus, pedindo ainda mais que Deus lhes concedessem maneira de estarem todos juntos novamente (3:9-11). Além das ações de graças, Paulo pediu que Deus ajudasse os tessalonicenses a continuarem crescendo em amor, a fim de que fossem inteiramente prontos para a vinda de Jesus (3:12-13).
Perguntas para mais estudo:
Como Satanás "barrou o caminho" de Paulo de volta à Tessalônica? (2:17-20)
O que Timóteo fez para ajudar os irmãos a ficaram firmes no meio das suas perseguições? (3:1-5)
Como Paulo se sentiu ao saber que os irmãos estavam firmes? (3:6-8) Qual a reação natural dele a estas notícias? (3:9-13)

1 Tessalonicenses 4:1-12

1 Tessalonicenses 4:1-12Deus Nos Chamou para Santificação
Continuem progredindo (4:1-2). Ao ouvir o evangelho de Cristo e ao recebê-lo como a palavra de Deus e não como a dos homens (veja 1 Tessalonicenses 2:13), os tessalonicenses aprenderam a maneira pela qual deviam viver e agradar a Deus (4:1). O evangelho revela "a justiça de Deus", ou seja, tudo aquilo que Deus julga necessário que saibamos, a fim de vivermos vidas que lhe sejam agradáveis e que levem à vida eterna (veja Romanos 1:16-17; 2 Pedro 1:3-4). Estes irmãos foram "inteirados" nas instruções do Senhor Jesus (4:2; veja Mateus 28:18-20), e precisavam continuar "progredindo cada vez mais" (4:1). A vida cristã não é o resultado do mero conhecimento da vontade de Deus, e sim da prática desta vontade (veja Tiago 1:22-25).
Da santidade (4:3-8). O ensino do evangelho visa a vontade de Deus para nos santificar (4:3; veja 1 Pedro 2:4-5, 9-10). "Santificar" (e assim, "santo," "santidade," etc.) literalmente quer dizer "separar", e significa que Deus, pelo evangelho, separa do mundo para salvação as pessoas que lhe obedecem (veja Hebreus 5:9; 2 Tessalonicenses 2:13-14; 1 Pedro 1:14-16). Quem é santo se disciplinará na vontade de Deus em todos os aspectos da sua vida, mas aqui Paulo fala explicitamente de santidade nas relações sexuais. A ordem de Deus é que o cristão não participe de prostituição, ou seja, relações sexuais antes de casar ou com quem não é seu cônjuge (4:3).
Estas não são meras recomendações de Paulo baseadas na ética ou na moralidade, e sim são mandamentos de Deus, visando a disciplina e a santidade do corpo e da mente, pois até "o desejo de lascívia" não cabe a pessoas que conhecem a Deus (4:4-5). O cristão se afastará da sensualidade do mundo, sabendo que Deus vai julgar toda impureza, quer seja pública, quer seja em particular (4:6-8; veja Hebreus 4:12-13).
Do amor fraternal (4:9-12). Nunca é possível amar demais, e mesmo que os irmãos já fossem instruídos e estivessem fazendo bem na prática do amor fraternal, Paulo achou necessário exortá-los a progredir (4:9-10). Ele lhes deu exemplos de como aplicar o amor em suas vidas: vivendo sua própria vida de maneira que não perturbassem a outros (veja Romanos 12:17-18, 13:13-14), e trabalhando para suprir as suas necessidades e as de outras pessoas (veja Efésios 4:28), para que não viessem a ser um peso a ninguém (4:11-12).
Perguntas para mais estudo:Œ É mais importante conhecer a vontade de Deus ou praticá-la? (4:1-2)Qual o mandamento de Deus acerca de relações sexuais? Como isto se aplica também à mente cristã? (4:3-8)Ž Qual a relação entre nosso trabalho e o amor ao próximo? (4:9-12)

1 Tessalonicenses 4:13 - 5:11

1 Tessalonicenses 4:13 - 5:11Consolai-vos com Estas Palavras
Acerca dos que "dormem" (4:13-18). A morte é um assunto que assusta quase todos. Mas a Bíblia afirma que Cristo veio para destruir "aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo" e livrar "todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hebreus 2:14-15). A palavra do Senhor foi revelada para que pessoas não fossem desconhecedoras dos planos de Deus (4:13; veja 1 Coríntios 12:1). Os irmãos tessalonicenses conheceram e aceitaram a palavra, e não faria sentido eles encararem a morte com o desespero daqueles que não conhecem a Deus (veja 4:5). Por isso, Paulo, assim como fazia Jesus, trata os mortos como "os que dormem" (4:13-15; veja Marcos 5:39; João 11:11-14). Essa descrição é bastante consoladora, pois realça que a morte é um estado temporário. Assim como quem dorme acordará, também quem está morto ressuscitará (veja João 5:24-29; 1 Coríntios 15:21-22). A morte e a ressurreição de Jesus são a garantia disso (4:14). Posto que no último dia todos serão ressuscitados, Paulo fala aqui apenas dos "mortos em Cristo", ou seja, daqueles que morrem obedientes a Jesus (4:16). O verdadeiro consolo é que a morte física dos fiéis não tira deles o galardão. De fato, quando Cristo voltar, eles ressuscitarão primeiro e virão em sua companhia para buscar os fiéis que ainda vivem (4:14-18).
"Vigiemos e sejamos sóbrios" (5:1-11). Muitos perdem seu tempo "estudando" os "sinais dos tempos" para determinar exatamente quando o Senhor voltará. Estes trabalhos são geralmente espetaculares e assustadores para quem não conhece a Bíblia. Porém, a palavra de Deus deixa claro que o Senhor virá "como ladrão de noite", quando as pessoas menos esperam (5:1-3; veja Mateus 24:42-44). Assim como o ladrão não avisa quando vai chegar, é certo que também não haverá avisos sobre quando Cristo voltará.
Portanto, Paulo aconselha os irmãos a viverem sempre preparados como "filhos da luz e filhos do dia" (5:4-7; veja João 12:35-36). Quem obedece a palavra anda na luz, como Cristo andou (veja 1 João 1:5-7), sempre vigilante e sóbrio (5:6-8). A vida do cristão é uma vida de passos deliberados e não apenas uma vida à deriva. O cristão, pelo estudo honesto da palavra de Deus, vai se revestir de fé, amor e esperança, a fim de "alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo" (5:8-9). Assim, quem anda na luz terá a esperança de estar com Jesus seja na vida, seja na morte (5:10-11).
Perguntas para mais estudo:
Por que Paulo disse que os mortos "dormem"? (4:13-16). Como temos certeza que eles "acordarão"? (4:14,16).
De acordo com o texto, quais serão os sinais da vinda do Senhor? (5:1-3).
Já que ninguém sabe quando o Senhor vai voltar, qual a responsabilidade dos "filhos da luz"? (5:4-11).

1 Tessalonicenses 5:12-28

1 Tessalonicenses 5:12-28Diversas Exortações Finais
Para que os tessalonicenses continuem a crescer, Paulo termina a carta com várias exortações práticas.
Valorizar os líderes (5:12-13). Deus determinou que a fé e o crescimento espiritual viriam pela pregação da palavra (veja Romanos 10:17; 2 Timóteo 2:15). Ele concedeu e capacitou homens para fazerem este trabalho (veja Efésios 4:11-16; 1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-9). Assim, é uma grande bênção do Senhor quando homens fiéis e maduros nos admoestam e nos corrigem pela palavra da verdade. Em vez de ficar irritado com quem o admoesta, o cristão deve apreciar e amar os que se dedicam neste serviço de cuidado pelas almas de outros.
Ajudar pessoas que têm dificuldades (5:14-15). Nem todos os membros de uma congregação serão espiritualmente maduros, e alguns até precisarão de atenção imediata. Os insubmissos, por exemplo, deixam de andar de acordo com o ensino do evangelho e isto influencia a congregação toda. É necessário admoestá-los para que entendam o perigo do pecado e não contaminem os outros com sua rebeldia (veja 1 Coríntios 5:1-6). A luta contra o pecado é dura, e às vezes haverá quem se desanime. Devemos consolar estes com a lembrança da esperança eterna, para que não desistam de vez (veja 4:13-18; 5:11; Hebreus 12:1-13). E alguns, por serem novos na fé ou por não terem crescido como deviam, serão mais fracos e precisarão de bastante ajuda dos outros membros para que cresçam além das suas fraquezas. Pois, a igreja é um corpo, e não funcionará bem se seus membros não são fortes e saudáveis (veja 1 Coríntios 12:25-26).
Ao lidarmos com essas necessidades especiais, devemos ser pacientes, e nunca devemos "corrigir" alguém por motivo de vingança, mas somente por causa da preocupação com as suas almas (5:14-15; veja Tiago 5:19-20).
A vida constante (5:16-18). Não importa a situação, o cristão terá sempre motivo para regozijo, oração e ações de graças (veja Filipenses 4:4-13). Estas coisas são a reação natural na vida de quem tem a salvação em Cristo Jesus (veja Salmo 51:10-15).
Acerca das profecias (5:19-22). A palavra de Deus foi revelada pelos apóstolos e profetas no Espírito (veja Efésios 3:3-5). É a responsabilidade de cada pessoa aceitar o que vem de Deus e rejeitar o que é do mal. Há necessidade, então, de julgarmos tudo que aprendemos para que possamos fazer a vontade de Deus com discernimento (veja Hebreus 5:13-14). A única maneira que temos para julgar o que pessoas nos ensinam sobre Deus é de compará-lo com a palavra do Espírito que já nos foi confirmada na Bíblia (veja Hebreus 2:1-4; 1 João 4:1; 2 João 9-10).
Desejos finais (5:23-28). Ao terminar a carta, Paulo ressalta a fidelidade de Deus em santificar inteiramente os que lhe obedecem (5:23-24). Então, ele pede a oração dos irmãos (5:25), lhes manda uma saudação de amor santo (5:26), e pede que leiam a carta perante todos (5:27). A carta encerra com a graça de Deus, assim como começou (5:28; veja 1:1).
Perguntas para mais estudo:
Como devemos tratar pessoas que nos admoestam pela palavra? (5:12-13)
Por quê é tão necessário ajudar as pessoas com dificuldades? (5:14-15)
É errado uma pessoa "julgar" o ensinamento de outros? (5:19-22)