6/24/2011

Ester

Depois da derrota do império babilônico e sua conquista pelos persas em 539 a.C., a sede do govero dos exilados passou à Pérsia. A capital Susã, é o palco da história de Ester, durante o reinado de do rei Assuero (seu nome hebraico, também chamadao Xerxes I (seu nome grego) ou Khshyarshan ( seu nome persa), que reinou entre 486-465 a.C..O livro de Ester abarca os anos 483-473 do reinado de Assueiro.
De maneira simples, eis aqui a história de Assuero, rei da Pérsia, tido por alguns como Xerxes I, cuja esposa desobediente, Vasti, é substituída pela judia Ester, prima de Mordecai. O agagita Hamã trama a morte de Mordecai e de todos os judeus, mas é enforcado em sua própria estaca, ao passo que Mordecai é promovido ao cargo de primeiro-ministro e os judeus são libertados.
Naturalmente, há os que dizem que o livro de Ester não é nem inspirado nem proveitoso, mas simplesmente uma bela lenda. Baseiam sua afirmação na ausência do nome de Deus. Embora seja verdade que Deus não é mencionado diretamente, parece haver no texto hebraico quatro casos distintos de acrósticos do Tetragrama, as letras iniciais de quatro palavras sucessivas que formam YHWH. Estas iniciais são destacadas de modo especial em pelo menos três manuscritos hebraicos antigos, e são também marcadas na Massorá com letras vermelhas.
No decorrer do registro todo há forte evidência de que Mordecai tanto aceitava a lei de Deus como obedecia a ela. Negou-se a curvar-se para honrar um homem que provavelmente era amalequita; Deus determinara o extermínio dos amalequitas. (Est. 3:1, 5; Deut. 25:19; 1 Sam. 15:3) A expressão de Mordecai em Ester 4:14 indica que aguardava uma libertação da parte de Deus e que tinha fé na direção divina do inteiro curso dos eventos. O jejum de Ester, junto com a ação similar dos demais judeus, durante três dias antes de esta entrar perante o rei, indica confiança em Deus. (Est. 4:16) Que Deus manobrou os eventos é indicado por Ester achar favor aos olhos de Hegai, o guardião das mulheres, e pela insônia do rei na noite em que pediu para ver os registros oficiais e descobriu que Mordecai não fora honrado pelo seu bom feito no passado. (Est. 2:8, 9; 6:1-3; compare com Provérbios 21:1.) Há, sem dúvida, referência a orações nas palavras “os assuntos dos jejuns e de seu clamor por socorro”. — Est. 9:31.

Muitos fatos comprovam o registro como autêntico e fatual. Era aceito pelo povo judeu, que chamava o livro simplesmente de o Meghil·láh, que significa “rolo; rolo escrito”. Parece ter sido incluído no cânon hebraico por Esdras, que certamente teria rejeitado uma fábula. Os judeus guardam até hoje a festa de Purim, ou Sortes, celebrando a grande libertação do tempo de Ester. O livro apresenta modos e costumes persas de forma realística, e em harmonia com os fatos conhecidos da história e as descobertas arqueológicas. Por exemplo, o livro de Ester descreve com exatidão o modo de os persas honrarem um homem. (6:8) Escavações arqueológicas revelaram que as descrições do palácio do rei, conforme apresentadas no livro de Ester, são exatas até nos mínimos detalhes. — 5:1, 2.

Nota-se essa mesma exatidão também no próprio relato, na maneira cuidadosa em que menciona os oficiais e os assistentes da corte, fornecendo até mesmo o nome dos dez filhos de Hamã. A linhagem de Mordecai e Ester é remontada a Quis, da tribo de Benjamim. (2:5-7) Fazem-se referências aos registros oficiais do governo persa. (2:23; 6:1; 10:2) A linguagem do livro é o hebraico posterior, com o acréscimo de muitas palavras e expressões persas e aramaicas, cujo estilo combina com o de Crônicas, Esdras e Neemias, harmonizando-se assim inteiramente com o período em que foi escrito.

Acredita-se que os eventos de Ester se desenrolam nos dias em que o poderoso império persa encontrava-se no seu apogeu, e que abrangem cerca de 18 anos do reinado de Assuero (Xerxes I). O período que se estende até cerca de 473 a.C. é indicado pelo testemunho de fontes gregas, persas, e babilônicas. Mordecai, testemunha ocular e um dos principais personagens do relato, foi, mui provavelmente, o escritor do livro; o relato íntimo e pormenorizado indica que o escritor deve ter vivenciado esses eventos no palácio de Susã. Embora não seja mencionado em nenhum outro livro da Bíblia, não há dúvida de que Mordecai foi personagem real da história. É interessante que se encontrou um texto cuneiforme não datado, descrito por A. Ungnad, da Alemanha, como se referindo a Mardukâ (Mordecai?) qual alto oficial da corte de Susa (Susã) durante o reinado de Xerxes I. Foi ali em Susã que Mordecai sem dúvida completou o registro dos eventos de Ester, assim que ocorreram, isto é, por volta de 473 a.C..

CONTEÚDO DE ESTER

Deposta a Rainha Vasti (1:1-22). É o terceiro ano do reinado de Assuero. Ele realiza um lauto banquete para os oficiais do seu império, mostrando-lhes as riquezas e a glória do seu reino durante 180 dias. A seguir, há um grandioso banquete de sete dias para todo o povo de Susã. Ao mesmo tempo, Vasti, a rainha, dá um banquete para as mulheres. O rei se jacta de suas riquezas e glória e, estando alegre com vinho, manda chamar Vasti para vir mostrar sua beleza ao povo e aos príncipes. A Rainha Vasti persiste em se recusar a ir. Seguindo o conselho dos oficiais da corte, que argumentam que este mau exemplo poderá fazer com que o rei perca prestígio em todo o império, Assuero remove Vasti da posição de rainha e emite documentos convocando todas as esposas a ‘dar honra a seu dono’ e todos os maridos a ‘agir continuamente como príncipes na sua própria casa’. — 1:20, 22.

Ester torna-se rainha (2:1-23). Mais tarde, o rei nomeia comissários para procurar as mais belas virgens em todas as 127 províncias do império e trazê-las a Susã, onde deverão receber um tratamento de beleza para serem apresentadas ao rei. Entre as jovens selecionadas acha-se Ester. Ester é órfã judia, “bonita de figura e bela de aparência”, que foi criada por seu primo, Mordecai, um oficial em Susã. (2:7) O nome judaico de Ester, Hadassa, significa “Murta”. Hegai, o guardião das mulheres, se agrada de Ester e lhe dá tratamento especial. Ninguém sabe que ela é judia, pois Mordecai instruiu-a a guardar sigilo sobre isso. As jovens são levadas à presença do rei, uma de cada vez. Ele seleciona Ester como sua nova rainha, e realiza-se um banquete para celebrar sua coroação. Pouco depois, Mordecai fica sabendo de uma conspiração para assassinar o rei, e manda Ester informá-lo disso “em nome de Mordecai”. (2:22) A trama é descoberta, e os conspiradores são enforcados, fazendo-se registro disso nos anais reais.

A conspiração de Hamã (3:1–5:14). Decorrem cerca de quatro anos. Hamã, pelo visto descendente do rei amalequita Agague, a quem Samuel matou, torna-se primeiro-ministro. (1 Sam. 15:33) O rei o exalta e ordena que todos os seus servos no portão do rei se curvem diante de Hamã. Estes incluem Mordecai. Entretanto, Mordecai recusa-se a fazer isso, tornando conhecido aos servos do rei que ele é judeu. (Compare com Êxodo 17:14, 16.) Hamã fica cheio de furor, e, ao descobrir que Mordecai é judeu, vê nisto a grande oportunidade de se livrar de Mordecai e de todos os judeus de uma vez por todas. Lança-se a sorte (pur) para determinar um bom dia para aniquilar os judeus. Hamã, valendo-se do seu favor junto ao rei, acusa os judeus de serem anárquicos e pede que a destruição deles seja ordenada por escrito. Hamã oferece uma contribuição de 10.000 talentos de prata (o equivalente a cerca de US$ 66.060.000) para financiar a matança. O rei consente, e enviam-se a todo o império ordens escritas seladas com o anel do rei, marcando o dia 13 de adar para o genocídio dos judeus.
Ao saberem da lei, Mordecai e todos os judeus pranteiam de serapilheira e cinzas. Há “jejum, e choro, e lamento”. (Est. 4:3) Ao ser informada por Mordecai sobre a situação crítica dos judeus, Ester hesita, de início, em interceder. A penalidade por comparecer perante o rei sem ser convidado é a morte. Todavia, Mordecai mostra fé no poder de Deus, declarando que, se Ester falhar para com eles, ela morrerá de qualquer forma, e o livramento ‘procedente de outro lugar, pôr-se-á de pé para os judeus’. Ademais, quem sabe se não foi “para um tempo como este” que Ester se tornou rainha? (4:14) Vendo a questão, ela concorda em correr o risco, e todos os judeus em Susã jejuam com ela durante três dias.
Daí, Ester comparece diante do rei, vestida de seus mais requintados trajes reais. Ela obtém favor aos olhos dele, de modo que este lhe estende o cetro de ouro, poupando-lhe a vida. Ela convida então o rei e Hamã para um banquete. Durante o banquete, o rei insta-a a revelar seu pedido, assegurando-lhe de que será concedido, “até a metade do reinado”, após o que ela convida os dois para outro banquete no dia seguinte. (5:6) Hamã sai alegre. Mas, junto ao portão da casa do rei se acha Mordecai! Este se recusa outra vez a prestar honra a Hamã ou a tremer diante dele. A alegria de Hamã transforma-se em furor. Sua esposa e seus amigos sugerem que ele construa um madeiro de 50 côvados (22,3 m) de altura e obtenha uma ordem do rei para enforcar Mordecai nele. Hamã manda construir a estaca imediatamente.

Inversão na situação (6:1–7:10). Naquela noite, o rei não consegue dormir. Manda que lhe seja trazido e lido o livro dos registros, e descobre que não recompensou a Mordecai por salvar sua vida. Mais tarde, o rei indaga sobre quem está no pátio. É Hamã, que veio pedir ao rei autorização para executar Mordecai. O rei pergunta a Hamã sobre como deve ser honrado alguém de quem o rei se agrada. Hamã, imaginando que o rei estivesse pensando nele, delineia um pródigo programa de honras. Mas o rei lhe ordena: “Faze assim a Mordecai, o judeu”! (6:10) Hamã não tem alternativa senão vestir a Mordecai de esplendor régio, colocá-lo no cavalo do rei e conduzi-lo pela praça pública da cidade, clamando diante dele. Humilhado, Hamã se apressa em ir para casa, pranteando. Sua esposa e seus amigos não têm nenhum consolo a oferecer. Hamã está condenado!

Agora é hora de Hamã comparecer ao banquete com o rei e Ester. A rainha declara que ela e seu povo foram vendidos para serem destruídos. Quem se atreveu a perpetrar tal iniqüidade? Ester diz: “O homem, o adversário e inimigo, é este mau Hamã.” (7:6) O rei se levanta enfurecido e sai para o jardim. Hamã, sozinho com a rainha, implora que lhe poupe a vida, e o rei, ao retornar, fica ainda mais furioso ao ver Hamã sobre o leito da rainha. Sem demora, ordena que Hamã seja enforcado no mesmo madeiro que Hamã havia preparado para Mordecai! — Sal. 7:16.

Mordecai é promovido, os judeus são libertados (8:1–10:3). O rei dá a Ester todos os pertences de Hamã. Ester informa a Assuero seu parentesco com Mordecai, a quem o rei promove à posição anteriormente ocupada por Hamã, dando-lhe o anel com o sinete real. Novamente, Ester arrisca a vida ao comparecer perante o rei para solicitar a anulação do decreto escrito de destruição dos judeus. Contudo, “as leis da Pérsia e da Média” não podem ser anuladas! (1:19) O rei dá, portanto, a Ester e a Mordecai autoridade para redigir uma nova lei e selá-la com o anel do rei. Esta ordem escrita, enviada a todo o império do mesmo modo como a anterior, concede aos judeus o direito de ‘congregar-se e tomar posição pelas suas almas, para aniquilar e matar, e destruir toda a força do povo e do distrito jurisdicional que lhes mostre hostilidade, pequeninos e mulheres, e para saquear o seu despojo’, no mesmo dia em que a lei de Hamã entra em vigor. — 8:11.
Chegando o dia designado, 13 de adar, nenhum homem consegue resistir aos judeus. A pedido de Ester ao rei, a luta prossegue em Susã até o dia 14. Ao todo, 75.000 dos inimigos dos judeus são mortos em todo o império. Outros 810 são mortos em Susã, o castelo. Entre estes se acham os dez filhos de Hamã, que são mortos no primeiro dia e pendurados no madeiro no segundo dia. Não se toma despojo. No dia 15 de adar, há descanso, e os judeus passam a banquetear-se e a regozijar-se. Mordecai dá então instruções por escrito para que os judeus guardem essa festa de “Pur, isto é, a Sorte”, todos os anos nos dias 14 e 15 de adar, e isto fazem até hoje. (9:24) Mordecai é exaltado no reino, e se vale de sua posição, como o segundo depois do Rei Assuero, “para o bem de seu povo e falando paz a toda a descendência deles”. — 10:3.

TIRANDO PROVEITO PARA NOSSOS DIAS

Embora nenhum outro escritor da Bíblia faça qualquer citação direta de Ester, o livro se harmoniza plenamente com o restante das Escrituras inspiradas. De fato, fornece ilustrações esplêndidas de princípios bíblicos declarados mais tarde nas Escrituras Gregas Cristãs e que se aplicam a adoradores de Deus de todas as épocas. Um estudo das seguintes passagens, não só comprovará isso, mas será edificante para a fé cristã: Ester 4:5—Filipenses 2:4; Ester 9:22—Gálatas 2:10. A acusação feita contra os judeus, de que não obedeciam às leis do rei, é similar à acusação levantada contra os primitivos cristãos. (Est. 3:8, 9; Atos 16:21; 25:7) Os verdadeiros servos de Deus enfrentam tais acusações com destemor e confiança, com orações, no poder divino de os livrar, segundo o esplêndido modelo de Mordecai, Ester e seus co-judeus. — Est. 4:16; 5:1, 2; 7:3-6; 8:3-6; 9:1, 2.

Quais cristãos, não devemos achar que nossa situação difere da de Mordecai e Ester. Também vivemos sob “autoridades superiores” num mundo do qual não fazemos parte. Desejamos ser cidadãos acatadores da lei em qualquer país em que vivamos, mas, ao mesmo tempo, desejamos traçar corretamente a linha demarcatória entre ‘pagar de volta a César as coisas de César e a Deus as coisas de Deus’. (Rom. 13:1; Luc. 20:25) O primeiro-ministro Mordecai e a Rainha Ester deram bom exemplo de devoção e obediência na execução de seus deveres seculares. (Est. 2:21-23; 6:2, 3, 10; 8:1, 2; 10:2) Todavia, Mordecai traçou destemidamente a linha demarcatória quanto a obedecer à ordem real de curvar-se diante do desprezível agagita, Hamã. Ademais, cuidou de que se fizesse um apelo para a obtenção duma solução legal quando Hamã conspirou destruir os judeus. — 3:1-4; 5:9; 4:6-8.

Toda a evidência indica que o livro de Ester faz parte da Bíblia Sagrada, “inspirada por Deus e proveitosa”. Mesmo sem mencionar diretamente Deus ou seu nome, fornece-nos excelentes exemplos de fé. Mordecai e Ester não foram meros frutos da imaginação de algum novelista, mas foram servos reais de Deus, pessoas que depositaram confiança implícita no poder salvador de Deus. Embora vivessem sob “autoridades superiores” num país estrangeiro, empregaram todos os meios legais para defender os interesses do povo de Deus e sua adoração. Nós podemos seguir hoje o exemplo deles em “defender e estabelecer legalmente as boas novas” do libertador Reino de Deus. — Fil. 1:7.

6/18/2011

Jó 1:1a 3:26

Introdução e provação de Jó (1:1 - 2:3)

A. O justo Jó (1:1-5)

1. Jó é apresentado como um homem de destacado caráter espiritual. Ele é descrito assim: aquele que era inculpável, reto, temia a Deus e repelia o mal.

2. Jó oferecia regularmente sacrifícios por seus filhos, caso algum deles tivesse "amaldiçoado a Deus."

a. A idéia de blasfêmia ou desafio a Deus é um pensamento demasiado forte para o significado desta frase. A palavra traduzida literalmente se refere à bênção que acompanhava a partida de um visitante (veja Gênesis 31:55; Josué 22:6).

b. Jó estava preocupado com que seus filhos pudessem ter se apartado de Deus em seus corações, isto é, esquecido Deus e sua presença no meio de suas vidas diárias.

3. Esta descrição de Jó é especialmente importante à luz de acusações posteriores pelos seus três amigos.

B. O rico Jó (1:1-5)

1. Jó era abençoado a ponto de ser a mais grandiosa de todas as pessoas do oriente.

2. Ele tinha dez filhos.

3. São as bênçãos de Jó que ressaltam sua futura pobreza e sofrimento.

C. Confrontação no céu (1:6-12; 2:1-6)

1. Na primeira confrontação de Satanás com Deus, Satanás acusa Jó de possuir uma piedade interesseira.

a. Satanás sustenta que se Jó for privado de suas bênçãos materiais, ele cessará de servir ao Senhor.

b. O Senhor concede a Satanás poder para retirar tudo o que Jó tem, mas impede-o de ferir a pessoa de Jó.

2. Na segunda confrontação, quando defrontado com a fidelidade de Jó, Satanás afirma que Jó renunciará ao Senhor uma vez que sua pessoa real tenha sido afetada.

3. Deve-se notar que:

a. Satanás não tem poder para afligir Jó, a menos que Deus lho permita.

b. Satanás, mesmo no seu desejo de tentar destruir, realmente serve aos propósitos de Deus.

D. A provação de Jó (1:13-22; 2:7-8)

1. Perda dos bens materiais.

2. Perda dos membros da família.

3. Perda da saúde.

a. Alguém poderia sugerir que a doença de Jó possa ter sido uma forma muito severa de lepra, também conhecida como elefantíase-dos-gregos. Esta é conhecida algumas vezes como lepra negra, porque a pele fica enegrecida.

b. Qualquer que fosse a doença, parece claro que Jó sofreu com ela durante algum tempo e que foi muito séria e penosa. Alguns dos seus sintomas e efeitos podem ser deduzidos das passagens seguintes: 2:7-8, 12; 3:24-25; 7:4-5, 13-15; 19:17, 20; 30:17-18, 30.

c. A "cinza" mencionada em 2:8 é uma referência ao lugar fora da cidade onde estrume e outros resíduos seriam descarregados e periodicamente queimados. É bem provável que Jó tenha escolhido seu lugar ali porque sua doença tornava-o indesejável na aldeia.

E. As reações da esposa de Jó e dos amigos (2:9-13)

1. Parece que a esposa de Jó não era uma nobre personagem como ele. Ela o adverte a "dizer adeus a Deus" e morrer (veja 1:5 para a mesma palavra).

2. Pode ser que o conselho da esposa de Jó também seja o resultado da idéia de que o sofrimento é totalmente por causa do pecado. Ela raciocina que uma vez que Jó está sofrendo enormemente, ele deve ter pecado imensamente e está separado de Deus. "Amaldiçoar a Deus" não pioraria sua relação, mas poderia trazer morte e alívio para seu sofrimento temporal!

3. Os três amigos de Jó chegaram e sentaram-se com ele na terra, e permaneceram em silêncio durante sete dias; um período de luto comum pelos mortos (Gênesis 50:10; 1 Samuel 31:13), e isto pode ser alguma indicação de seus sentimentos pela situação dele.

As palavras de Jó a respeito de si [o seu monólogo] (3:1-26)

A. Jó amaldiçoa o dia de seu nascimento (vs. 1-10). De maneiras variadas, ele deseja que nunca tivesse nascido.

B. Na segunda parte de seu discurso, Jó continua dizendo que se ele tinha que nascer, teria sido melhor se tivesse nascido morto (vs. 11-19). A morte é pintada como uma libertação das dificuldades desta vida.

C. Jó termina seu monólogo sugerindo que acolheria com prazer a morte, porém ela não vem (vs. 20-26).

Jó 4:1 a 7:21

Elifaz afirma que o sofrimento é por causa do pecado (4:1-21)

A. Ele começa lembrando Jó de seu conselho a outros que estavam perturbados ou sofrendo e o encoraja a seguir seu próprio ensino. Pode ser que Elifaz esteja usando sarcasmo nos versículos 5 e 6 (vs. 1-6).

B. O inocente e o reto não perecem (vs. 7-10).

1. O homem colhe o que semeia.

2. Os homens perversos são assemelhados a um covil de leões. Apesar de sua ferocidade, eles serão consumidos pelo sopro de Deus.

C. Elifaz relata uma visão que alega ter tido (vs. 11-21).

1. Ele fala de um espírito que lhe apareceu, causando grande temor de sua parte (vs. 12-16).

2. A mensagem da visão foi que o sofrimento por causa do pecado pessoal é inevitável, porque não há homem justo ou puro diante de Deus. Desde que todos pecam, todos têm que sofrer (v. 7).

3. Observe a semelhança de pensamento e linguagem em 15:14-16 e 25:4-6.

4. A tendência dos humanos para o erro e a fragilidade de suas vidas são ressaltadas (vs. 18-21).

Elifaz encoraja Jó a "buscar a Deus" (5:1-27)

A. Ele adverte Jó do perigo da ira contra os caminhos de Deus (vs. 1-7).

1. Elifaz relata o destino de um louco que ele tinha observado.

2. Ainda que nenhuma aplicação formal seja feita por esse tempo, parece que Elifaz pode estar dando a entender uma similaridade entre Jó e esse "louco" de quem ele fala.

B. Elifaz diz que buscaria a Deus se estivesse no lugar de Jó (vs. 8-16).

1. Nestes versículos Elifaz se refere à boa providência de Deus; ele ajuda o oprimido e repele os que poderiam fazer mal.

2. Elifaz ressalta que o homem perverso não prosperará, porque Deus frustrará seus planos.

C. Elifaz conclui seu primeiro discurso admoestando Jó: "não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso" (vs. 17-27).

1. Ele afirma que Deus livrará de toda a forma de mal aquele que humildemente se submete a sua correção (vs. 18-22).

2. Aceitando humildemente a disciplina de Deus, ele prosperaria em todos os aspectos (vs. 23-27).

Jó responde ao discurso de Elifaz (6:1-30)

A. Jó reconhece que suas palavras (capítulo 3) têm sido imprudentes, mas sugere que tal imprudência é compreensível em vista de seu grande sofrimento (vs. 1-7).

1. Jó está sugerindo, no versículo 5, que, assim como os animais fazem barulho quando têm um motivo, assim ele tem razão em expressar sua aflição.

2. O assunto dos versículos 6-7 pode ser tanto o sofrimento de Jó como as palavras de "conforto" oferecidas por Elifaz.

B. Jó deseja que Deus lhe conceda sua petição: permitir-lhe morrer. Ele exprime dúvida que possa resistir. Sua força não é infalível (vs. 8-13).

C. Ele critica seus amigos por acusarem-no de má ação em vez de mostrarem-lhe simpatia (vs. 14-23).

1. Ele os assemelha a um ribeiro intermitente. Na estação chuvosa, quando a água é farta, ele está cheio; mas uma vez que o calor começa e os viajantes buscam sua água, ele está seco. De modo semelhante, quando Jó necessitava da compaixão de seus amigos, e a esperava, eles se mostraram serem fontes que tinham secado (vs. 14-21).

2. Ele se queixa de que não estava pedindo muito a eles (vs. 22-23).

D. Jó desafia seus amigos a apontarem seu pecado que era o suposto responsável por seu grande sofrimento (vs. 24-30).

1. Ele assevera que eles não têm evidência para suas palavras cruéis.

2. Ele afirma que não está mentindo sobre sua inocência e nem é incapaz de reconhecer a iniquidade.


IV. Jó brada em desespero (7:1-21)

A. Há alguma dúvida se o capítulo inteiro é dirigido a Deus ou se os primeiros versículos 1-10 são ditos para proveito dos amigos e o restante do capítulo é dirigido a Deus.

B. Ele descreve a grandeza e a desesperança de seu sofrimento e sua angústia (vs. 1-10).

1. Sua vida é de dura servidão, com a única paga sendo meses de desilusão e noites cansativas.

2. Ele é incapaz de dormir e conta a tortura de sua doença.

3. Ele menciona o fato de sua vida ser breve, como se dissesse que Deus deveria mostrar-lhe misericórdia no pouco tempo que lhe resta.

C. Jó interroga Deus quanto à razão da severidade de seu sofrimento (vs. 11-21).

1. Ele pergunta porque é necessário a Deus atormentá-lo constantemente com o sofrimento (como parece a ele).

2. Ele roga a Deus que o deixe em paz (vs. 16).

3. Jó afirma, por perguntas, que o homem é muito insignificante para receber tão contínua atenção de Deus (vs. 17-19).

4. Como ele fez com seus amigos, Jó desafia Deus a identificar seu pecado. Se, na verdade, ele tem pecado, ele pergunta porque Deus não deseja perdoar. As palavras de Jó são ousadas e desesperadas e ele fala sem entendimento.


Jó 8:1 a 10:22

O primeiro discurso de Bildade (8:1-22)

A. Bildade afirma a justiça do Todo-Poderoso (vs. 1-7).

1. Levado pelas palavras que Jó acaba de dizer, Bildade começa seu discurso com uma áspera repreensão a Jó. É certo que ele considera blasfemas as palavras de Jó e assim ele age para defender a justiça de Deus (vs. 1-3).

2. Bildade repete o argumento de Elifaz: aquele que sofre deve ser perverso (vs. 4-7).

a. Ele insinua que, uma vez que os filhos de Jó foram "postos fora," eles devem ter pecado (v. 4).

b. Ele sugere também que Deus poderia "despertar" para as súplicas de Jó se ele fosse puro ou se ele se arrependesse (vs. 5-7).

B. Bildade apela para a sabedoria e a experiência das gerações passadas (vs. 8-19).

1. Ele defende seu argumento (já começado e a ser continuado na última parte do capítulo) dirigindo a atenção de Jó para as conclusões das gerações passadas.

2. Por causa da vida curta do homem, sua sabedoria tem que ser aumentada pela dos "pais".

3. Bildade continua, sugerindo uma relação de causa e efeito entre a injustiça e o sofrimento. Ele demonstra seu princípio com três ilustrações:

a. Assim como o papiro não pode existir sem lama, assim o homem não pode prosperar sem o favor de Deus (vs. 11-13).

b. A confiança do ímpio é tão frágil como a teia da aranha; ele não tem nada em que se apoiar (vs. 14-15).

c. O ímpio é como uma planta que cresce por pouco tempo, mas que é arrancada do seu lugar (vs. 16-19).

C. Bildade conclui seu discurso (vs. 20-22).

1. Ele repete o pensamento que Deus preserva o justo, mas não "apoiará" os malfeitores (vs. 20).

2. Se Jó se arrepender, Deus encherá sua boca com risos e seus adversários ficarão envergonhados.

Jó replica ao discurso de Bildade (9:1-24)

A. Jó afirma, do mesmo modo, o poder e a sabedoria de Deus, mas é possível que ele esteja falando com sarcasmo no versículo 2 (veja 4:17). Jó sente-se incapaz de contender com Deus, para provar ou afirmar sua inocência perante o Senhor.

B. O poder e a majestade de Deus (vs. 1-12).

1. Jó descreve o poder de Deus como é evidenciado na natureza (vs. 5-10).

2. Ele observa que o homem é incapaz de questionar a Deus às contas por seus atos (vs. 1-4, 11-12).

C. Jó afirma a futilidade de "responder" a Deus, pleiteando o seu caso diante dele (vs. 13-24).

1. Jó declara que Deus trata os perversos e os retos do mesmo modo. Ele ainda vai até o ponto de dizer que Deus é indiferente ao sofrimento do inocente e discrimina em favor do perverso (vs. 21-24).

2. Alguém poderia tentar amenizar as palavras de Jó, mas parece óbvio que Jó brada contra Deus nesta parte. Precisamos lembrar que Jó não estava a par de toda a informação que possuímos sobre o assunto dos propósitos de Deus.

Jó continua seu discurso (9:25 - 10:22)

A. Na última parte do capítulo 9, parece que Jó dirige seus comentários em parte a Deus e em parte a Bildade e seus outros dois amigos.

B. Tendo discutido o tratamento do homem em geral por Deus em 9:22-24, agora Jó se volta para o tratamento dele mesmo por Deus (vs. 25-31).

1. Usando as figuras de um corredor, navios velozes e uma águia, Jó descreve a brevidade da vida (vs. 25-26).

2. Ele fala da persistência de Deus em considerá-lo culpado e como resultado ele é incapaz de se alegrar (vs. 27-31).

3. Jó sente a necessidade de um terceiro participante para arbitrar a diferença entre ele e Deus (vs. 32-35). Parece que ele está antevendo a obra de Jesus Cristo como nosso mediador.

C. Sentindo que nada tem a perder, Jó fala a Deus diretamente, insistindo em saber porque Deus está "contendendo com ele" e então oferecendo as razões possíveis para o comportamento de Deus (10:1-7).

1. Ele pergunta se Deus tem algum prazer em oprimir sua própria criação (vs. 3).

2. Ele pergunta se Deus, como um homem, tem percepção limitada e, por isso, julgou-o injustamente (vs. 4).

3. Ele questiona se a duração da vida de Deus é tão curta como a de um homem, para que ele esteja com pressa de procurar o pecado de Jó antes que ele o tenha cometido (vs. 5-7).

D. Desconsiderando as duas últimas perguntas, Jó continua seu discurso seguindo a primeira possibilidade (vs. 8-22).

1. Ele recorda a Deus que ele é criatura de Deus (vs. 8-12).

2. E ainda Deus parece determinado a destruir Jó em qualquer circunstância, um rumo aparentemente inconsistente com seu cuidado em criar Jó (vs. 13-17).

3. Novamente Jó expressa seu desejo de ter morrido ao nascer. Desde que Deus não permitiu isso e seus dias restantes são poucos, Jó pede a Deus que o deixe em paz (vs. 18-22).

4. Conquanto Jó não tenha se afastado de Deus, ele está obviamente lutando com sua fé. Quão agradecido Jó deve ter estado mais tarde porque Deus não atentou para suas palavras e o "deixou em paz" como ele tinha pedido!

Jó 11:1 a 14:22

O primeiro discurso de Zofar (11:1-20)

A. Zofar começa seu discurso repreendendo asperamente Jó por sua impertinência (pelo menos como Zofar a vê) - ( vs. 1-6).

1. Ele se vale de diversas perguntas para sugerir que Jó não deve pensar que silenciou os outros com sua má vontade em aceitar os argumentos deles (vs. 1-3).

2. Zofar exprime seu desejo de que Deus na verdade confrontasse Jó. Ele acredita que Jó acharia que Deus realmente está castigando-o menos do que merece (vs. 4-6)!

B. Zofar ressalta a inescrutabilidade dos caminhos de Deus (vs. 7-12).

1. A sabedoria de Deus é muito elevada para o homem e seu poder é irresistível (vs. 7-10).

2. Deus é capaz de reconhecer o pecado nos homens mesmo se eles próprios forem incapazes de vê-lo. Para demonstrar a possibilidade de homens como Jó se tornarem sábios (talvez para seu próprio pecado?), Zofar sugere que tal evento é tão provável como um jegue dar nascimento a um homem (vs. 11-12).

C. Zofar termina seu discurso de modo semelhante a Elifaz e Bildade (vs. 13-20).

1. Ele admoesta Jó a se arrepender e fala das bênçãos disponíveis para Jó no arrependimento.

2. Zofar realmente descreve o arrependimento e seus frutos muito bem mesmo.

a. "Se dispuseres o coração..." (v. 13) - o arrependimento é literalmente uma mudança de vontade.

b. "...e estenderes as mãos para Deus" (v. 13) - talvez o primeiro fruto que o arrependimento produza seja a confissão do pecado diante de Deus e a busca do perdão.

c. "...se lançares para longe a iniquidade da tua mão e não permitires habitar na tua tenda a injustiça" (v. 14) - outra conseqüência do arrependimento é a reforma da conduta.

II. A réplica de Jó a Zofar e seus outros dois amigos (12:1 - 13:19)

A. Jó evidentemente começa sua réplica com uma boa dose de sarcasmo (vs. 1-12).

1. Ele observa que, ainda que eles possam pensar que são os únicos que têm alguma sabedoria, ele também sabe as coisas que eles sugeriram (vs. 1-3).

2. Ele, contudo, chama a atenção deles para a realidade de que a teoria deles não se ajusta aos fatos (vs. 4-6).

a. Aqueles que estão seguros têm tendência a agirem de modo condescendente para com o desafortunado, aquele que está sofrendo (vs. 5).

b. Conquanto Jó seja justo, seus amigos zombam dele e ainda "as tendas dos tiranos gozam paz" (12:6). O uso que Jó faz da palavra "seguro" no versículo 6 pode ser uma referência ao comentário de Zofar em 11:18.

3. Jó continua seu sarcasmo, observando que a sabedoria de seus amigos é possuída até pelos animais (vs. 7-12). Ele não parece estar depreciando a sabedoria dos amigos, mas antes sugere que eles não precisam ensinar-lhe o que é universalmente sabido.

B. Jó faz uma descrição do poder divino (vs. 13-25). Ainda que Jó afirme a sabedoria e a prudência de Deus, ele insiste nos atos destrutivos de Deus.

C. Os amigos de Jó são "médicos que não valem nada"; ele deseja falar com o Todo-Poderoso (13:1-19).

1. Lembrando de novo seus amigos que ele tem o mesmo conhecimento que eles possuem, ele os admoesta a ficarem calados (vs. 1-12).

a. Ele testifica que os argumentos deles não têm valor.

b. Ele os repreende por demonstrarem parcialidade em sua defesa dos atos de Deus e sugere que Deus os castigue por isso (vs. 7-11).

c. Os amigos têm mostrado parcialidade para com Deus, assumindo que Jó tinha pecado. Na opinião deles, Jó não poderia ser inocente e ainda sofrer; pois isto sugeriria que Deus era injusto ao afligir Jó. Como Jó, os amigos não parecem reconhecer a existência de Satanás e assim atribuem o sofrimento de Jó a atos de Deus. Ao assumirem a pecaminosidade de Jó, eles tinham respeitado a pessoa de Deus, enquanto se recusavam a aceitar a possível inocência de Jó!

2. Jó pretende defender seu caso diante de Deus sem se importar com as conseqüências (vs. 13-19).

a. Parece que Jó ainda está se dirigindo aos seus amigos, nesta parte.

b. Jó expressa sua confiança em que será justificado.

Jó fala a Deus (13:20 - 14:22)

A. Jó faz duas petições em preparação para a defesa de seu caso (vs. 20-22):

1. Uma pausa no seu sofrimento (vs. 21).

2. Que Deus se comunique com ele (vs. 22).

B. Jó pede a Deus que revele seus pecados e expressa perplexidade quanto ao motivo pelo qual Deus o está tratando como um inimigo (vs. 23-27).

C. Jó comenta a brevidade da vida do homem (13:28 - 14:6).

1. Em vista da vida curta do homem, por que o julgamento de Deus é tão rigoroso?

2. Jó pede que Deus desvie dele seus olhos e permita que ele descanse no tempo que sobrou.

D. Jó observa a desesperança do homem (14:7-22).

1. Diferente da árvore que rebrota de suas raízes, mesmo depois de ter sido cortada, o homem morre e "não se levanta" (vs. 7-12)

a. À primeira vista, parece no versículo 12 que Jó não crê numa ressurreição dos mortos. Contudo, Jó está falando, possivelmente, da renovação de sua vida física, neste versículo. Jó está então dizendo que o homem não pode viver outra vida física (observe a ilustração da árvore) como a que ele perdeu, mas que ele não cessa de existir na morte.

b. Parece que Jó tem alguma esperança de uma ressurreição (v. 14).

2. Jó exprime seu desejo de que Deus escondesse-o na sepultura até um tempo em que sua ira passasse e ele voltasse a "lembrar-se" dele.

3. Jó termina seu discurso em desespero (vs. 18-22). Tão certo como a erosão acontece, Deus destrói a esperança do homem.

Jó 15:1 a 17:16

O segundo discurso de Elifaz (15:1-35)

A. Elifaz repreende Jó (vs. 1-13).

1. Os discursos de Jó foram nada mais do que conversa vã (vs. 1-3).

2. Além do mais, Jó pôs de lado a reverência a Deus e abandonou sua religião (v. 4).

3. Elifaz afirma que os próprios discursos de Jó são evidência de sua culpa (vs. 5-6). Pode ser que Elifaz esteja sugerindo que as palavras de Jó sejam suficientes para condená-lo, fora qualquer pecado que ele possa ter cometido no passado (v. 6).

4. Elifaz acusa Jó de arrogância (vs. 7-11).

a. "Pensa Jó que ele é o único a ter sabedoria?"

b. "Jó está a par da sabedoria secreta de Deus?"

c. Elifaz afirma que os pensamentos expressos por ele e os outros dois amigos são apoiados por aqueles que têm mais idade e experiência (vs. 9-10).

d. "Jó desdenha as ‘consolações de Deus’?" (Elifaz está provavelmente se referindo às palavras dos amigos ou, pelo menos, a seus discursos - v. 11).

5. Elifaz repreende Jó por seu discurso ousado (vs. 12-13).

B. Elifaz afirma a inevitabilidade do pecado e assim, do sofrimento (vs. 14-16).

1. Os versículos são semelhantes a uma parte do primeiro discurso de Elifaz (4:17-19).

a. Em 4:17-19, o destaque recai sobre a fragilidade do homem; aqui, a corrupção do homem é ressaltada, talvez mesmo exagerada para realçar.

b. Ainda que Elifaz não aplique estas palavras diretamente a Jó, parece haver pouca dúvida que ele tenha Jó em mente.

2. Uma progressão pode ser vista nos discursos de Elifaz, à medida em que ele fica mais impaciente e severo com Jó.

C. Elifaz reafirma sua teoria a respeito do sofrimento e o destino do ímpio (vs. 17-35)

1. Ele inicia seus comentários apelando para a antigüidade e pureza dos sábios (vs. 17-19).

2. O ímpio é retratado como temendo as calamidades futuras, mesmo enquanto goza de prosperidade no presente (vs. 20-24).

3. Elifaz descreve o ímpio como sendo rebelado contra Deus, como um guerreiro atacando Deus com armadura completa (v. 26).

4. Elifaz assevera que mesmo se o ímpio for próspero no presente, sua impiedade o "alcançará" e sua prosperidade faltará (vs. 29-31).

5. Fazendo uso de figuras agrícolas, Elifaz ressalta a extrema esterilidade do perverso (vs. 32-35).

A réplica de Jó (16:1 - 17:16)

A. Jó descreve seus amigos como "consoladores molestos" (16:1-5). Ele poderia até dizer as mesmas coisas sem significado, se no lugar de Jó estivessem os seus amigos sofrendo, mas mesmo assim procuraria fortalecê-los e confortá-los.

B. Jó descreve a hostilidade de Deus contra ele (16:6-14).

1. Nem discurso nem silêncio aliviam sua aflição (v. 6).

2. Sua condição de miséria e de magreza é testemunho de que Deus o tem afligido e está o considerando culpado de algum pecado.

3. Por meio de uma série de figuras pitorescas, Jó acusa Deus de ter praticado violência contra ele. Tal como um animal feroz, Deus range os dentes contra Jó. Deus é, mais ainda, retratado como um lutador, um arqueiro e um guerreiro, porque assalta Jó com sofrimento.

C. Jó continua a protestar sua inocência (16:15 - 17:5).

1. Ele fala de sua tristeza (vestido de pano de saco, cabeça no pó, etc.), apesar de sua inocência.

2. Ele se dirige à terra figuradamente, exigindo justificação (vs. 18). Seu pensamento parece ser que o sangue injustamente derramado exige justiça de Deus enquanto permanece sobre a realidade da terra, não é coberto (veja Gênesis 4:10; Ezequiel 24:7-8).

3. Não encontrando conforto ou auxílio em seus amigos (16:20), Jó exprime o desejo de um mediador (v. 21).

4. Afirmando que seu tempo de vida é curto, Jó faz a Deus uma petição incomum, que lhe dê uma segurança (de sua inocência) contra o próprio Deus.

a. Seus amigos zombam de sua declaração de inocência (17:2).

b. Eles são incapazes de agir como testemunhas de sua inocência porque estão cegos para seu caso (17:4).

D. Mudando de direção novamente, Jó declara que Deus fez dele um "provérbio dos povos" (vs. 6-9).

E. Jó contraria seus amigos (17:10-16).

1. Os amigos predisseram luz (vida, bênçãos) se Jó ao menos se arrependesse.

2. Jó afirma que não tem esperança em tais bênçãos.


Jó 18:1 a 21:34

O segundo discurso de Bildade (18:1-21)

A. Bildade repreende Jó (18:1-4).

1. Bildade se admira de por quanto tempo Jó continuará a argumentar (v. 2).

2. Sua indignação com o desrespeito de Jó para com a sabedoria dos seus amigos é evidente (v. 3).

3. Bildade afirma que é Jó quem está se dilacerando. Ele pode estar respondendo aos comentários de Jó em 16:6-14. Ele ainda pergunta se Jó espera que a ordem natural das coisas (por implicação, a lei da retribuição) seja mudada por sua causa (v. 4).

B. Bildade descreve o destino dos ímpios (18:5-21).

1. O ímpio ficará nas trevas (vs. 5-6). Preservar uma lâmpada na tenda foi um modo de dizer que a família, que ali vivia, continuaria (1 Reis 11:36; 15:4; 2 Reis 8:19). Por outro lado, a idéia da lâmpada na tenda sendo apagada, sugere o fim da família que vivia naquela tenda.

2. Seu caminho será difícil (v. 7).

3. Bildade afirma a inevitabilidade da queda do ímpio, assemelhando-o a um animal apanhado num laço ou armadilha (vs. 8-19)

4. É difícil dizer se os "assombros" do versículo 11 são realmente calamidades afligindo os ímpios, seguindo cada passo, ou se Bildade está fazendo referência aos terrores de uma consciência má, como é descrita por Elifaz (15:21-23).

5. O ímpio será afligido pela fraqueza, doença ("primogênito da morte") e finalmente será vendido pela morte (vs. 12-15).

a. O "rei dos terrores" parece ser uma personificação da morte.

b. Sua casa fica desolada e amaldiçoada.

6. Bildade declara que os ímpios "secarão" e "murcharão". deixando nenhuma posteridade para trás (vs. 16-19).

7. Tal destino espanta os homens por toda parte (vs. 20-21).

A réplica de Jó a Bildade (19:1-29)

A. Jó responde à repreensão de Bildade (19:1-6).

1. Ele se admira de por quanto tempo os amigos continuarão a atacá-lo (v. 2).

2. Pelas suas reprovações eles o maltrataram e ainda não mostraram vergonha pelas suas atitudes. "Dez" é um número que significa "freqüentemente" (v. 3).

3. Apesar dos amigos afirmarem que ele era pecador, Jó quer que eles saibam que Deus o tem maltratado (vs. 4-6).

B. Jó recita o tratamento que Deus lhe deu (19:7-20).

1. As "tropas" do versículo 12 pode ser uma forma figurada de descrever as aflições de Jó.

2. Deus fez com que todos aqueles que poderiam confortá-lo ou consolá-lo fossem afastados dele (vs. 13-20). O efeito de tal afastamento como é descrito nesta parte sobre alguém que é acostumado com o respeito dos outros não deverá ser subestimado.

C. As súplicas de Jó (19:21-27).

1. Ele clama por piedade aos seus amigos, perguntando se eles precisam persegui-lo como Deus tem feito (vs. 21-22).

2. Ele deseja que suas considerações de inocência possam ser preservadas para a posteridade em um livro ou, melhor ainda, escritas numa rocha (vs. 23-24).

3. Numa triunfante expressão de fé, Jó externa sua convicção de que no final Deus o justificará. A palavra traduzida como"Redentor" no versículo 25 se refere ao parente-resgatador, o parente consangüíneo mais próximo, a quem, sob a Lei de Moisés, era dada a responsabilidade de vingar o sangue derramado ou o resgate de propriedade (veja Levítico 25:25, Rute 4:4; Números 35:19, 21).

D. Jó faz uma advertência aos seus amigos (19:28-29).

O segundo discurso de Zofar (20:1-29)

A. Aparentemente um tanto picado pela advertência de Jó (19:28-29), Zofar sente-se compelido a "partilhar" seu entendimento com Jó (20:1-3).

B. Zofar relembra Jó de que a vida e a prosperidade dos ímpios é breve (20:4-11).

1. A brevidade da prosperidade do ímpio é um fato conhecido desde a antigüidade. Zofar pergunta se Jó não sabe disto (vs. 4-5).

2. Sem importar a altura de sua arrogância, ele perecerá e não será lembrado (vs. 6-9).

3. Sua posteridade não gozará sua prosperidade (v. 10).

4. O ímpio morrerá jovem, isto é, em sua plena força (v. 11).

C. Zofar identifica o salário da impiedade (20:12-29).

1. Nos versículos 12-14, ele usa uma figura interessante para descrever a atitude do ímpio para com o mal. É como um delicioso pedaço de comida que ele mantém na boca, saboreando o gosto e desejando degustá-lo até o fim. Contudo, quando ele engole, a mesma comida é transformada em veneno!

2. Seguindo a mesma idéia, o ímpio não gozará ou reterá os frutos de sua impiedade (vs. 15-23, 28-29).

a. Ele se tornará presa dos outros (v. 22).

b. Quando ele tentar gozar sua prosperidade, Deus o punirá (v. 23).

3. O julgamento é certo e completo (vs. 24-26).

4. Conquanto Jó implorasse à terra que não encobrisse seu sangue (16:18), Zofar aqui personifica o céu e a terra levantando-se para testificar contra o pecador (v. 27).

A réplica de Jó a Zofar (21:1-34)

A. Jó apela a seus amigos (21:1-6).

1. Ele sugere que a atenção deles a seu discurso será a consolação adequada (v. 2).

2. Depois que ele terminar, eles poderão zombar à vontade (v. 3).

3. Jó declara que sua queixa não é contra o homem e justifica sua impaciência (vs. 4-6).

B. Jó relata a prosperidade dos ímpios (21:7-16).

1. Jó chama a atenção de seus amigos para os fatos reais da vida:

a. Os ímpios, de fato, vivem longas vidas e vêem seus descendentes (v. 7-8).

b. Eles prosperam materialmente (vs. 9-10).

c. Eles gozam a vida (vs. 11-13a).

d. Em contraste com Jó, os ímpios, freqüentemente, morrem rapidamente e sem sofrimento (v. 13b).

e. Jó afirma que estas são pessoas que abertamente desafiam a Deus (vs. 14-15).

2. Apesar destes fatos, Jó não tem simpatia pelos ímpios (v. 16).

C. Jó responde aos argumentos dos amigos (21:17-21).

1. Bildade tinha sugerido em seu discurso que a lâmpada dos ímpios é apagada (18:5-6). Jó pergunta, "Com que freqüência isto realmente acontece (v. 17)?"

2. Jó faz mais três perguntas, cujo sentido é, "Com que freqüência os ímpios recebem punição como vós (os amigos) têm asseverado?"

3. Antecipando a resposta hipotética que os filhos dos ímpios sofrerão (v. 19a), Jó sugere que a justiça real resultaria na punição dos ímpios e não de seus filhos (vs. 19-21). O próprio ímpio deveria "beber" da ira de Deus e experimentar pessoalmente a paga por seus pecados.

a. O homem ímpio não se preocupa com o que acontece com seus familiares depois que ele morre (v. 21).

b. Tal doutrina não oferece impedimento para o pecado.

D. A conclusão de Jó (21:22-26).

1. Ninguém é capaz de ensinar a Deus (v. 22).

2. O ponto de Jó nos versículos 23-26 parece ser que não se pode generalizar sobre a punição temporal dos ímpios. Alguns prosperam, outros sofrem, mas finalmente todos eles morrem, todos eles são dirigidos para o mesmo fim.

E. Jó responde a seus amigos ainda mais (21:27-34).

1. Ele está ciente de que eles procuraram caracterizá-lo como ímpio (v. 27).

2. Em resposta a uma pergunta hipotética de seus amigos (perguntando pela evidência da prosperidade do ímpio como Jó a esmiuçou), Jó replica que qualquer viajante poderia dizer-lhes que as coisas não são como eles têm estado afirmando (v. 29). De fato, o ímpio, em vez de ser afligido, é freqüentemente poupado no dia da calamidade e livrado da ira (v. 30).

3. Em vez de serem condenados, os homens honram os ímpios em sua morte (vs. 31-33).

4 Em vista das falsidades de suas teorias, Jó pergunta como seus três amigos esperam consolá-lo (v. 34).